A bancada federal do Tocantins se dividiu na briga do Estado pela correção da injustiça que vinha sendo cometida pelo edital de concessão da BR-153, no trecho de Aliança (TO) a Anápolis (GO). De um lado, o senador Eduardo Gomes (MDB) e o deputado federal Carlos Gaguim (DEM) formaram uma frente com o governador Mauro Carlesse (DEM). Na outra ponta, os demais congressistas: os senadores Kátia Abreu (PP) e Irajá Abreu (PSD), o coordenador da bancada, deputado Tiago Dimas (Solidariedade); Osires Damaso (PSC), Vicentinho Júnior (PR), Eli Borges (Solidariedade), Professora Dorinha (DEM), Dulce Miranda (MDB) e Celio Moura (PT).
Claro que não se pode dizer que todo esse grupo é da oposição ao Palácio Araguaia. Se bem que, desses nove membros, apenas Osires mantém boas relações palacianas e Eli, mais ou menos. Nos bastidores, já se fala que essa batalha para ver quem chegaria primeiro à solução do impasse da BR-153 projetava 2022. Sobre essa disputa propriamente dita, terminou empatada: a bancada conseguiu a decisão do TCU para que o governo federal investisse a outorga nas obras do Tocantins e Palácio, Gomes e Gaguim obtiveram esse compromisso do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
No campo eleitoral, não é óbvio como estão me dizendo quase que diariamente, ou seja, que nessa disputa estão os dois palanques de 2022 no Tocantins.
Fato é que realmente a maior parte da bancada estará, sim, na oposição ao Palácio Araguaia. Casos mais evidentes, Vicentinho Júnior, Kátia e Irajá, Célio Moura e Dulce Miranda. Entre aqueles com grande probabilidade de também não seguirem o caminho governista estão Dorinha, Tiago Dimas, Gaguim e Gomes. Aí vai depender da configuração das campanhas e o que é mais interessante aos projetos eleitorais de cada um. Há dúvidas sobre Eli Borges, que saiu magoado com o Palácio das eleições de novembro em Palmas. Osires, como já dito, tem ótimas relações com o governador Carlesse.
Como Gomes, conforme os mais próximos, caminha a passos firmes, ainda que discretos, para se candidatar a governador, deixa a dúvida se realmente ficará na base palaciana. Carlesse não renuncia e o apoia? E como fica o vice-governador Wanderlei Barbosa (sem partido)?
Se Gomes vai para a disputa, como reage o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos), empolgado em sua pré-candidatura a governador? Será vice do senador emedebista? Ao Quadrilátero, Dimas já avisou que sua cota de candidato a vice acabou em 2006, quando ocupou essa posição na chapa do ex-governador Siqueira Campos.
De outro lado, em mensagem no aniversário de Dimas, Gomes afirmou em vídeo que todos vão estar juntos em um “projeto novo muito maior que qualquer pessoa”. Logo em seguida, para comemorar os 60 anos, o ex-prefeito de Araguaína fez uma aglomeração sem máscara com alguns os principais nomes da oposição ao Palácio: ex-senador Vicentinho Alves (PL) e os ex-prefeitos de Palmas Carlos Amastha (PSB) e de Gurupi Laurez Moreira (PSDB). Ou seja, o enigma se tornou ainda maior nesse já confuso cenário de pré-campanha.
Assim, os que dizem que a “Batalha da BR-153” deixou evidente os dois lados dos palanques ou tem uma bola de cristal e conseguem ver com exatidão o futuro, ou simplesmente não sabem o que dizem.
Na verdade, este é o momento em que os políticos seguem o princípio de Abelardo Barbosa, o saudoso Chacrinha, o “Velho Guerreiro”: não é hora de explicar, mas de confundir.
É proposital. Sem marcar posição a favor nem contra ninguém, 2022 fica aberto a todo tipo de ajuntamento.
Tudo se torna possível. Até o que hoje seria visto como impossível.
CT, Palmas, 4 de maio de 2022.