Pré-candidatos a deputado estadual e federal têm me perguntado sobre os cuidados para a escolha do partido no qual vão se abrigar para a disputa de 2022. Minha resposta tem sido objetiva: corra daqueles que tenham mandatário, mas também não busquem legenda com um monte gente sem densidade eleitoral.
Sem coligação, o número de cadeiras por partido será menor, o que significa que aqueles que detêm mandato, se conseguirem compor uma boa nominata de candidatos, ficarão com a única vaga alcançada. Ou seja, os demais terão trabalhado em função dos mandatários. Só servirão de escadinha para que outro consiga a reeleição.
Nos tempos da coligação, os deputados formavam uma chapa musculosa e ela faturava de duas até cinco vagas na Assembleia e duas na Câmara Federal. Sempre era possível reeleger os mandatários e ainda sobravam uma ou duas vagas para os novatos, numa Casa ou outra. Foi assim que o MDB, por exemplo, colocou de volta na Assembleia nada menos do que cinco deputados nas eleições de 2018 — Jorge Frederico, Elenil da Penha, Valdemar Júnior, Nilton Franco e Jair Farias. O Solidariedade emplacou dois deputados federais, o novato mas muito bem estruturado Tiago Dimas e o veterano estadual Eli Borges.
É muito pouco provável que isso se repita em 2022 sem as coligações. O formato mais vitorioso em que colocaria minhas fichas é o das chapinhas de 2018, as grandes vitoriosas, como a de PPS, DC, PPL, que elegeu Eduardo do Dertins (PPS) e Ivory de Lira (ex-PPL, hoje PCdoB) para a Assembleia; e de PT, PSD, PDT, PCdoB, Rede e PTB, que levaram Célio Moura (PT) para a Câmara Federal com magérrimos 18.167 votos.
Então, aí é importante considerar outra variável: além da ausência de mandatários, o nível de competitividade no partido. São dois os pontos desta questão que devem ser pensados. O primeiro é que os candidatos precisam ser competitivos. Não adianta ingressar numa sigla sem deputados, mas com candidatos de baixo potencial de votação. O resultado é que não se atingirá coeficiente e ninguém será eleito.
Outro ponto fundamental é que os postulantes precisam estar dentro de uma mesma faixa de votos. Dessa forma, a disputa será justa, já que todos têm chances parecidas de vitória e dependerão de sua competência individual, e ninguém servirá de escadinha apenas para garantir a reeleição de quem já está em pré-campanha com dinheiro de contribuinte. Sim, porque deputado de mandato usa para se promover emendas parlamentares, mídia espontânea ou paga (pelo Parlamento) e estrutura de escritório e para viagens garantida pelos impostos.
Para competir com um candidato assim é necessário contar com muita estrutura. Isto é, ser um endinheirado, que vai derramar muito recurso do próprio bolso.
Esses são os principais critérios que os novatos precisam considerar para definir por qual partido disputar as eleições de 2022 de forma competitiva, sem ser usado de escada. No caso das federações de partidos, que reunirão pequenas agremiações desesperadas por sobrevivência, essa lógica em nada muda.
CT, Palmas, 14 de outubro de 2021.