O Palácio Araguaia pisa em ovos quando se trata das eleições municipais de novembro. Como a coluna afirmou esses dias, fazia tempo que um governador não era procurado pelos pré-candidatos para gravar vídeos de apoio e fazer fotos para redes sociais. Mauro Carlesse (DEM) tem sido bastante demandado, mas há algumas preocupações que marcarão sua presença nas campanhas.
A primeira é não ferir os aliados das eleições de 2018, quando o governador recebeu apoio, em muitos casos, de todas as correntes políticas de um município. No primeiro turno da eleição suplementar houve uma divisão entre os diversos candidatos, mas, a partir do segundo turno, quando ficou claro que Carlesse seria reeleito, aconteceu uma revoada e o palanque palaciano ficou até pequeno. Esse apoio geral a ele se manteve intacto na reeleição em outubro daquele ano.
Assim, não é politicamente recomendável que Carlesse opte agora por um nome no município, quando todas as correntes defenderam sua candidatura há dois anos. Assim, um critério estabelecido é que o governador vai declarar apoio apenas nas cidades onde um grupo o apoiou.
Por isso, e por ser seu domicílio eleitoral, que o governador vai declarar apoio, por exemplo, em Gurupi. Lá não teve o prefeito Laurez Moreira (PSDB) em seu palanque – nas eleições de outubro de 2018 ele ficou com Carlos Amastha (PSB). Ainda que palacianos dizem que a opção pode ser Josi Nunes (Pros) ou Gleydson Nato (PTB), internamente já é tido como certo que Carlesse ficará com a ex-deputada federal, que dizem que vem tendo um desempenho bem superior em pesquisas internas.
Em Palmas e Araguaína, o que os aliados afirmam é que Carlesse quer manter uma boa relação administrativa com os prefeitos Cinthia Ribeiro (PSDB) e Ronaldo Dimas (Podemos). Houve momentos de tensão nesse relacionamento, mas tem ocorrido uma aproximação em torno do combate à Covid-19, que é tido como prioridade do governo neste momento.
Aí entra o segundo ponto importante neste debate da participação do governador nas eleições de 2020. Além de não ferir os aliados de 2018, o Palácio não quer desconstruir a sólida base que conseguiu na Assembleia. Havia quase 15 anos que um governo não se mostrava tão fortalecido no Legislativo. Carlesse obteve a aprovação até dos projetos mais impopulares e desgastantes na Casa, num aproveitamento de 100% das matérias apresentadas e com placar sempre elevadíssimo.
Como em muitos municípios os deputados, frequentemente, ocupam palanques distintos, o governo acha por bem que é melhor deixar que eles conduzam o processo eleitoral, sem a preocupação de que o Palácio protagonize.
Ademais, Carlesse não será candidato a governador em 2022, pois, como foi dito, já está reeleito. A eleição de prefeitos é ponto nevrálgico para quem é candidato à cadeira principal do Palácio. No caso de Carlesse, ele está de olho na vaga do Estado no Senado, cuja candidatura se organiza sob outra configuração.
CT, Palmas, 2 de setembro de 2020.