A Volkswagen anunciou na sexta-feira, 19, a suspensão da produção de todas as suas unidades no Brasil por 12 dias, até 4 de abril. Motivo: a gravidade da pandemia da Covid-19. Em carta divulgada nesse domingo, 21, mais de 500 empresários e economistas afirmam o que nós, os não negacionistas, insistimos desde o início da pandemia: é falso o dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população. “Na realidade, dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19”, ressaltam os signatários, e arrematam: “Logo, não é razoável esperar a recuperação da atividade econômica em uma epidemia descontrolada”.
Não é prefeito e governador que fecham o comércio, mas o vírus. Ele se impõe, o nosso desafio é combatê-lo e os números mostram que não há outra forma mais eficaz — com exceção da vacina — do que o isolamento social. Para os que tinham dúvida, o levantamento da Coluna do CT desta segunda-feira, 22, que compara o avanço da Covid-19 nas cinco maiores cidades do Estado, é conclusivo.
Ficou muito claro que a única cidade que teve a coragem de suspender as atividades não essenciais, Palmas, foi também a única que reduziu drasticamente o número das novas contaminações. Enquanto a Capital viu a evolução de novos casos perder a velocidade — do dia 7 para 14 de março, cresceram 7,1% e do dia 14 para esse domingo, 21, essa taxa foi de 4,9% —, em Gurupi, por exemplo, onde a prefeitura baixou novo decreto sábado, 20, mantendo as atividades não essenciais funcionando, o resultado foi catastrófico: o crescimento de novos casos foi de 5,3% do dia 7 para o dia 14 e de absurdos 9% até esse domingo.
É preciso insistir que a Covid-19 não anda por aí. Somos nós que a carregamos e a distribuímos. Isso significa que quanto menos nos movimentarmos, menos transmissões haverá, menos internações ocorrerão, menos UTIs precisaremos e menos mortes registraremos.
Semana passada o governador Mauro Carlesse (DEM) sugeriu aos prefeitos que fosse decretado ponto facultativo até a Páscoa, o que garantiria tirar cerca de 600 mil tocantinenses das ruas, os servidores públicos estaduais e municipais e seus familiares. O Ministério Público Estadual (MPE) reagiu, uma vez que ninguém pode receber sem trabalhar. Não tiro a razão do órgão.
Mas por que não fazer como outros Estados e antecipar feriados? Deveria haver um diálogo nesse sentido entre Palácio, ATM e MPE para que isso fosse possível. Afinal, estamos nas semanas mais críticas da doença. Depois delas teremos que trabalhar muito mais, e retirar feriados lá na frente faria muito bem à economia.
Reduzir a agitação do Estado nas próximas duas semanas faria um bem enorme ao sistema de saúde e às pessoas. Claro, desde que elas tenham consciência e realmente fiquem em casa.
Os números da evolução de Palmas provam que esse é o caminho, o único, diga-se, até que tenhamos vacinas para todos. Mostram também que a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), ao encarar tudo e todos, estava certa.
CT, Palmas, 22 de março de 2021.