Em junho de 2020, os investimentos estrangeiros no Brasil somaram US$ 67,2 bilhões e em junho deste ano despencaram para US$ 23,8 bilhões, conforme o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desemprego em ascensão, dólar disparando, preço do gás, gasolina e alimentos cada dia mais fora de controle. Os especialistas já estão chamando o descalabro em que está se tornando a economia brasileira de “Custo Bolsonaro”. Isso porque os desajustes são, em grande parte, causados por um presidente da República que tem se mostrado incapaz, pouco disposto ao trabalho e beligerante.
Apesar da situação desalentadora, Bolsonaro dedica todo o tempo em inflamar mais e mais a crise dos Poderes — chegou ao ponto da irresponsabilidade de mandar que jatos Gripen sobrevoassem o STF acima da velocidade do som para estourar os vidros do prédio. A recusa dessa molecagem (não há outro termo para definir) custou a demissão de comandantes militares, que agiram com elevado espírito público.
Nessa sanha por batalhas inglórias, o bolsonarismo inventa teorias da conspiração, intrigas e tenta a todo custo jogar brasileiros contra brasileiros. Quer sangue, e já tem data marcada para o início: o 7 de Setembro. Até lá haverá o 25 de agosto, o Dia do Soldado, comemorado na quarta-feira, e os fanáticos insinuam nas redes sociais que essa data já poderá trazer “surpresas”.
Isso não tem nada de patriótico. Muito pelo contrário. Mostra um grupo político, a começar pelo líder máximo da Nação, totalmente aloprado, desequilibrado, que vive num mundo paralelo.
Patriotismo é ter serenidade e compromisso em resolver os problemas emergentes que vitimam os brasileiros mais fragilizados da nossa injusta pirâmide social. Estamos todos assustados com a guinada da inflação sobre os alimentos, com o preço absurdo do gás e do combustível; com a miséria voltando a tragar grupos cada vez maiores de irmãos, que não conseguem emprego para dar dignidade a suas famílias; com um governo que, a cada dia, desconstrói mais a imagem do Brasil perante o mundo e o torna pária. Os estragos do bolsonarismo levarão décadas para serem consertados.
Debruçar-se sobre esses problemas reais — não a fantasia do comunismo e outras bobagens de lunáticos — e à solução deles se dedicar nas 24 horas do dia é que são comportamentos efetivos de autoridade verdadeiramente patriótica.
Precisamos unir a Nação, que, a bem da verdade, começou a ser dividida, num passado recente, pelo discurso maniqueísta dos petistas do “nós contra eles”. Depois, com a corrupção generalizada, o petismo jogou políticos, partidos e instituições em total descrédito, o que abriu os portões do inferno para deles emergir Bolsonaro e seus lunáticos, que hoje infestam todo o País e ameaçam ensanguentar nossas ruas e avenidas com sua visão nazifascista, antidemocrática, anticiência, medieval e pré-iluminista.
Na verdade, o preço de nossas elites de não investir na educação, na formação de nosso povo, no hábito da leitura está sendo cobrado agora com um aloprado na Presidência, com apoio de pessoas iletradas, incultas e com ojeriza a qualquer forma de saber e cultura.
Só nos resta clamar para o bom senso de quem o tem. As pessoas querem continuar vivendo num país pacífico, acolhedor e que, apesar de tantas injustiças e desigualdades que ferem seu povo, sempre foi referência positiva para o mundo.
Veja o desespero do povo afegão, olhe para Israel e Palestina. Ao nos depararmos com o desespero de tantos seres humanos, agradecemos por viver num lugar em que temos segurança e democracia. Claro, sem deixar de reconhecer nossa dívida histórica com grupos sempre marginalizados, nossas mazelas sociais e a profunda necessidade que temos de construir um país mais justo e igualitário.
Mas essas conquistas só serão possíveis com paz e democracia. Sem elas, só teremos sangue, ódio, tragédias e muito mais dores neste Brasil já tão sofrido.
Por isso, paz e democracia, hoje e sempre.
CT, Palmas, 23 de agosto de 2021.