O senador Eduardo Gomes (PL) aterrissa nesta quinta-feira, 21, no Tocantins para entrar de corpo e alma na campanha do pré-candidato a governador do PL, Ronaldo Dimas. Ele vem animado e empolga os principais players em seu torno, a começar pelo próprio Dimas. O parlamentar, hoje o maior líder do Estado, desembarca num momento em que perdeu sua pré-candidata a senadora, Dorinha Seabra Rezende (UB), para o Palácio e que seu grupo discute uma composição com o pré-candidato a governador do PSC, Osires Damaso.
Assim, o desafio imediato de Gomes é conseguir um desfecho para essa tentativa de colocar os dois grupos oposicionistas num mesmo palanque e definir um substituto competitivo para Dorinha na corrida pelo Senado. Esse último desafio não é o mais complicado, contudo, obter a fusão entre Dimas e Damaso será muito difícil porque ambos não querem ceder.
Não há dúvida de que apenas uma candidatura desses dois campos os tornaria altamente competitivos, sobretudo, como a coluna defendeu nessa terça-feira, 19, se a escolha recaísse sobre um nome que consiga agregar o máximo de líderes do Estado. Geraria um sério problema para o Palácio Araguaia.
No entanto, se a iniciativa não prosperar, sempre existe o risco de os três principais grupos oposicionistas — Dimas, Damaso e Paulo Mourão (PT) — estarem dividindo demais a mesma base de eleitores insatisfeitos com a gestão estadual. Nesse caso, o desafio maior deles será provocar um segundo turno para lá se unirem contra o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos). Já a questão de Gomes, diante dessa hipótese, vai ser garantir que seu indicado, o ex-prefeito de Araguaína, seja o adversário do Palácio a partir de 3 de outubro.
Se Dimas não estiver no segundo turno, a derrota será maior sobretudo para o senador, que, como foi dito no início, é o principal nome da política estadual neste momento. O fato de o líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Congresso ver seu candidato derrotado ainda no primeiro turno terá repercussão nacional e poderá reverberar negativamente para o parlamentar nas eleições seguintes, de 2024 e 2026.
Por isso, Gomes sabe que, diante da enorme resistência dos líderes à pré-candidatura do ex-prefeito de Araguaína, caberá a ele a responsabilidade de atrair esses seletos cabos eleitorais para a campanha do PL.
Se não houver meio de compor Damaso e Dimas, vencer essa rejeição a seu candidato, sem dúvida, será o maior desafio de Gomes nesta campanha, como a coluna já afirmou algumas vezes.
A liderança do senador é inquestionável. Prefeitos e vereadores, em sua imensa maioria, têm ele como guia político e, acima de tudo, amigo. Se candidato a governador, não tenho a menor dúvida de que Gomes seria difícil de ser batido, justamente por essa relação extremamente próxima com sua base. Agora, fora da disputa, até que ponto esses líderes espalhados por todo o Estado vão querer acompanhá-lo? Essa é a grande questão que o tempo vai responder.
É preciso considerar que se trata de amigos e admiradores, mas, antes de tudo, de animais políticos, com elevadíssimo senso de sobrevivência e que levantaram um verdadeiro muro diante de Dimas.
Se acho que Gomes não vai conseguir? Jamais diria isso. Já vi ao longo dos últimos 20 anos o senador fazer milagres que até os santos ficaram de boca aberta. Por isso, prefiro dar tempo ao tempo.
CT, Palmas, 20 de julho de 2022.