A filiação do delegado Rérisson Macedo na sexta-feira, 4, ao PSD e a visita da presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), a Palmas nessa segunda-feira, 7, foram uma espécie de avant premiere da configuração das eleições de 2022 no Tocantins. Nesses eventos praticamente estavam escalados os partidos e personagens que devem compor os dois palanques mais competitivos da disputa de outubro.
Na sexta, o delegado Rérisson mostrou estar prestigiado ao colocar em sua solenidade de filiação o governador e pré-candidato à reeleição Wanderlei Barbosa (sem partido), o senador Irajá (PSD) e o deputado federal Vicentinho Júnior, que, fora do PL, está de malas prontas para se mudar para o PP da senadora Kátia Abreu.
Por falar em Kátia, ela foi destaque, apesar de não ter participado da festa de filiação de Rérisson. É que o governador Wanderlei não deixou sombra de dúvidas, ao discursar, sobre o grau de proximidade entre ele e a parlamentar. A ponto de ter se antecipado: “Vamos ficar juntos”, assegurou, para em seguida manifestar sua gratidão a Kátia e Irajá pelo apoio que vem recebendo de mãe e filho.
Infere-se a partir dessa declaração enfática de Wanderlei que a deputada federal Dorinha Seabra Rezende (UB), fortíssima pré-candidata a senadora, estará mesmo no palanque do grupo do senador Eduardo Gomes (MDB). Sobre essa aliança da oposição, a visita da presidente do Podemos, Renata Abreu, deu umas pinceladas do que vem por aí.
Antes é interessante observar que a deputada paulista, estranhamente, não veio para comemorar o fato de que seu partido pode ter um candidato a governador competitivo, Ronaldo Dimas, mas para admitir abrir mão de ter um forte postulante ao Palácio Araguaia para PL ou MDB. Sinceramente, nunca vi isso, e me prova que partido político no Brasil cada vez tem menos importância.
Na verdade, filiação partidária, com legendas sem qualquer expressão como as nossas – a ponto de aceitarem esse tipo de situação esdrúxula –, trata-se de mero protocolo legal a ser preenchido para se estar apto a concorrer a eleição. Não se exige identificação ideológica e bandeiras comuns – diga-se, esses partidos não contam nem com uma nem com outra. Basta a conveniência eleitoral.
A lógica que ficou exposta é que se o ex-juiz e presidenciável Sérgio Moro pode atrapalhar a formação do palanque de Dimas no Tocantins, então, tudo bem, o Podemos aceita liberar o ex-prefeito de Araguaína para apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. A pré-candidatura de Moro faz água todo dia e essa liberalidade do Podemos no Tocantins ajuda a explicar parte dos motivos desse fracasso. Nos demais partidos, são as alianças nacionais que determinam as regionais. No caso em tela, é o contrário. Que situação mais esquisita!
De toda forma, a liberalidade do Podemos e o fato de o próprio Dimas admitir a possibilidade de ir para o PL ou MDB são sinais de que o senador Eduardo Gomes trabalha para ter essas duas siglas em seu grupo. Então, o palanque da oposição mais competitiva ao Palácio já conta com União Brasil, o liberalizante Podemos, PL e MDB. Falta agora ficar claro quem será o candidato, se Dimas ou Gomes.
Ou seja, as eleições de 2022 vão ganhando contornos mais claros, com as acomodações previstas. Nenhuma surpresa até agora, mas março está apenas começando.
CT, Palmas, 8 de março de 2022.