Passei os últimos dias conversando com as diferentes correntes políticas do Estado para mapear os grupos interessados na disputa pelo Palácio Araguaia. São seis os segmentos que hoje se movimentam para tentar construir uma candidatura competitiva.
Aquela que é tida como a mais certa para concorrer é a dos atuais inquilinos do Palácio. Nenhum dos ouvidos apostou fichas na possibilidade de o governador Mauro Carlesse (PSL) não renunciar em abril de 2022 para tentar a vaga de senador. Todos os consultados têm certeza de que isso vai ocorrer e, consequentemente, o vice Wanderlei Barbosa (sem partido) assumirá o comando do Estado e a busca pela reeleição será um passo natural e óbvio.
Os demais movimentos são vistos como meras possibilidades. Algumas devem se consolidar e outras vão se fundir às que sobreviverem à pré-campanha. A hipótese mais provável é que saia uma candidatura dos aliados senador Eduardo Gomes (MDB) e ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos). Os mais próximos do parlamentar querem vê-lo na disputa, mas, para isso, ele precisará convencer Dimas a retirar o nome, e o ex-gestor se mostra pouco disposto a fazê-lo.
Incógnita nesta equação de Gomes é como vai ser o comportamento do grupo de emedebistas liderado pelo ex-governador Marcelo Miranda.
Outro núcleo que se mexe alinhado é composto pelos senadores Kátia Abreu (PP) e Irajá Abreu (PSD) e pelos ex-prefeitos de Palmas Carlos Amastha (PSB) e de Gurupi Laurez Moreira (PSDB). Aí pode caber ainda o deputado federal Vicentinho Júnior (PL). São duas opções para governador: Kátia e Laurez. Amastha, candidato em 2018, já decidiu que vai buscar vaga de deputado federal, e Irajá avisou à Coluna do CT que continuará contribuindo com o Estado no Senado. Vicentinho Júnior caminha para a reeleição.
O PT chegou ao consenso em torno do nome do ex-deputado Paulo Mourão, após retirar do páreo dois pretendentes sem competitividade — o líder comunitário Milne Freitas e o juiz do trabalho aposentado Leador Machado. No entanto, nos bastidores, o que se avalia é que Mourão terá que vencer dois desafios para se consolidar na corrida sucessória. O primeiro é admitido pela própria direção regional: que o PT do Tocantins não seja dado de novo como moeda de troca nos acordos nacionais, como ocorreu em todas as eleições desde 2006. A última vez que o partido conseguiu lançar um nome ao governo foi em 2002, ou seja, ano que vem completa duas décadas que a sigla no Estado só fica na vontade.
Outro obstáculo considerado pelos que acompanham a política estadual é que a executiva nacional, sobretudo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dima Housseff, tenderiam a dar apoio à senadora Kátia Abreu no Tocantins. A parlamentar se tornou uma importante aliada dos petistas no plano nacional. Ou seja, se Kátia disputar o governo do Estado, o PT poderia ser empurrado pela cúpula para o palanque dela. No entanto, é importante registrar que tentaram esse movimento na eleição suplementar de 2018 e não funcionou. O grupo que hoje domina o sigla no Estado se rebelou e compôs a vaga de vice na candidatura de Amastha.
Um nome que pode se confirmar é o do ex-senador Ataídes Oliveira, que hoje é presidente regional do Pros. Ele está determinado e não tem nada a perder. Assim, a despeito das condições políticas, Ataídes iria para o enfrentamento com a cara e a coragem como fez em 2014, também pelo Pros.
A expectativa de surpresa é por conta do deputado federal Osires Damaso (PSC). No silêncio, ele vem costurando por todo o Estado, ainda não fala publicamente de maneira incisiva do assunto, mas é um nome de trânsito fácil pelo setor econômico mais robusto do Tocantins, conta com uma base sólida de prefeitos e há quem garanta que teria vários deputados estaduais que o acompanhariam.
Essas são as correntes que se movimentam para tentar construir candidatura a governador em 2022. Para além de aventuras quixotescas, se confirmarão na corrida sucessória os que ganharem mais musculatura até as convenções em meados do ano que vem.
Assim, só o tempo mesmo para mostrar quem vai sobreviver à pré-campanha.
CT, Palmas, 7 de julho de 2021.