Com a definição do novo calendário para as eleições municipais, os pré-candidatos voltaram a se movimentar mais fortemente por todas as cidades. Em Palmas, o que chama a atenção é o excesso de interessados em tomar a cadeira da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). Vejam só: Osires Damaso (PSC), Eli Borges (SD), Marcelo Lelis (PV), Júnior Geo (Pros), Tiago Andrino (PSB), Vanda Monteiro (PSL), Ataides Oliveira (Progressistas), Alan Barbiero (Podemos), Gil Barison (Republicanos), Raul Filho (MDB), Milton Neris (PDT), Vicentinho Júnior (PL), João Helder Vilela (PT), Germana Pires (PCdoB), João Bazzoli (Psol) e Joaquim Rocha (PMB). São nada menos do que 16 pré-candidatos para uma disputa de apenas um turno, não de dois, o que se chegou a esperar que ocorresse.
Não me lembro em todas as pré-campanhas que acompanhei desde 2004 em Palmas, mesmo antes, no Paraná e no interior de São Paulo, Estados onde atuei, de ver um leque tão extenso de pré-candidatos. Claro, óbvio, isso será bastante filtrado e a maioria desses projetos não sobreviverá até as convenções. Alguns já começam a perder fôlego, inclusive.
No entanto, a pergunta que se faz neste momento é quantos vão manter seus nomes até 15 de novembro, nova data das eleições? A resposta poderá definir o resultado que sairá das urnas.
Se todos os 16 oposicionistas mantivessem seus nomes até o fim, Cinthia estaria reeleita sem sair do Paço. Uma questão matemática. É totalmente improvável que a máquina, por si só, garanta à prefeita menos de 18% a 20% dos votos — no mínimo. Assim, se esse monte de gente fincasse o pé, ninguém tirava da tucana.
Como isso não ocorrerá, resta saber a disposição que a oposição tem de se tornar competitiva. E já é preciso considerar que existem correntes ali irreconciliáveis, como um debate trazido pela Coluna do CT já mostrou. Milton Neris e Andrino — leia-se: grupo Carlos Amastha (PSB) — não se mostram dispostos a se aliar. Raul Filho recentemente disse a este colunista que onde Amastha estiver, ele se juntará ao lado oposto.
Uma novidade agora é Damaso, homem que conta com total simpatia do governador Mauro Carlesse (DEM). O deputado federal é tido como fiel ao Palácio Araguaia, além disso, muito próximo do setor empresarial. Esses dois fatores dão força ao seu projeto eleitoral. No entanto, causa mais uma cisão entre os oposicionistas, porque Júnior Geo e Andrino não acompanham ao governo do Estado.
Os pré-candidatos mais à esquerda — João Helder Vilela (PT), Germana Pires (PCdoB), João Bazzoli (Psol) — tendem a recusar como aliados aqueles que integrem a base do presidente Jair Bolsonaro. Assim, nova subdivisão.
Dessa forma, a grande dúvida neste momento é quantos vão manter seus nomes na corrida sucessória até o final. Na torcida pelo racha geral está, claro, a prefeita Cinthia Ribeiro. Ela aposta na execução de obras com os cerca de R$ 260 milhões do CAF herdados de Amastha e, claro, na força natural da máquina para conseguir outros quatro anos à frente do Paço.
Entre possíveis aliados, a reclamação é de que Cinthia não faz política, não conversa com os principais players, apostando todas as fichas na gestão pela gestão. Por isso, avaliam, a tucana vende uma imagem de grande fragilidade eleitoral, o que teria estimulado esse monte de pré-candidatos. “Acham que ela é fácil de bater, então, todo mundo vê nisso a oportunidade de virar prefeito”, diagnosticou um hábil articulador político.
Fato é que se a oposição não tiver juízo, ainda que os críticos tenham razão, que Cinthia realmente apresente essa fragilidade de ser apolítica, será difícil tirá-la da prefeitura.
CT, Palmas, 22 de julho de 2020.