Defendi nessa quarta-feira, 17, nas redes sociais, a decisão da Secretaria Estadual da Saúde de atender somente os casos de alta complexidade no Hospital Geral de Palmas (HGP). Afinal, é o cumprimento do que sempre disseram gestores e especialistas: alta complexidade com grandes unidades hospitalares e a saúde básica com UPAs e UBSs, ou seja, com os municípios.
Justamente o que está na nota divulgada pela Secretaria Estadual da Saúde: “As medidas objetivam diminuir a superlotação nas emergências, atender com qualidade os pacientes com patologias de alta complexidade, além de prestar serviços de saúde humanitário”.
O texto da nota continua: “O HGP é a maior referência de saúde pública do Tocantins, contudo, por ter recebido e prestado socorro a todos e quaisquer pacientes – que não passaram pelas UPAs ou pelo serviço de regulação – está operando com sua capacidade máxima”.
Corretíssimo. Sem pôr nem tirar.
No entanto, a crítica à minha postagem foi como fechar o HGP para alta complexidade se as unidades de saúde nas cidades não têm sequer esparadrapo. É justamente o contrário. Os municípios nunca vão estruturar um serviço de saúde minimamente decente enquanto o HGP e os Hospitais Regionais de Araguaína, Gurupi, Porto e Paraíso, por exemplo, continuarem socorrendo pacientes que deveriam ser cuidados em UPAs e UBSs.
Para que investir em estruturação da saúde básica nos municípios se tem um grande hospital bem ali? Sai mais barato alugar um imóvel nas cidades maiores para despachar qualquer tipo de paciente: um corte, uma febrinha ou qualquer caso que um cuidado básico resolveria.
Enquanto isso, essas grandes unidades não dão conta de atender seu público-alvo, isto é, quem, efetivamente, corre risco de morte, porque pacientes que deveriam receber cuidados no município sugam recursos financeiros, humanos e estrutura. Aí lota mesmo, uma equação muito simples de entender e é o principal motivo que sempre me leva a pensar duas vezes ao receber “denúncia de superlotação” de hospitais.
Ora, as prefeituras não cumprem com sua obrigação, jogam pacientes nas grandes unidades de saúde sem qualquer regulação e depois vamos reclamar da falta de condições de atendimento? Acho muito cômodo. Não há recurso humano, financeiro e de estrutura que dê conta, enquanto os municípios não assumirem sua responsabilidade.
O correto não é denunciar os hospitais superlotados, mas a falta de compromisso das prefeituras com a saúde de seu povo.
Se houve algum erro neste episódio foi a falta de diálogo, de comunicação antecipada. Ainda que os municípios continuarão impor resistência e nunca aceitarão mudar esse sistema já viciado.
Afinal, para que investir em saúde básica se o HGP está bem ali?
CT, Palmas, 18 de novembro de 2021.