A coluna “Em Off” trouxe esses dias a conversa com prefeitos que garantem que terão imenso protagonismo nas eleições de 2022, sobretudo os gestores das pequenas cidades. Este espaço tem dito isso já há algum tempo, mas os prefeitos ouvidos trouxeram uma informação que torna ainda mais provável essa hipótese: o excelente momento vivido pelas gestões municipais.
O que também é verdade. Durante a pandemia, se teve algo de que não se pode reclamar do governo Jair Bolsonaro (PL) é da transferência de recursos para Estados e municípios. A União garantiu a receita dos entes federados no mesmo patamar anterior à pandemia e vieram milhões de verbas das emendas parlamentares. Fora isso, o Congresso passou a dirigir bilhões em recursos adicionais às bases através do tal orçamento secreto.
O Tocantins recebeu a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), pelas mãos do senador Eduardo Gomes (PL), e mais milhões de reais estão sendo derramados por aqui. Ainda tem a inclusão de 91 municípios tocantinenses no projeto Calha Norte, com previsão de investir no Estado em 2022 mais de R$ 50 milhões. Fora conquistas outras, como o caso da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).
Se por um lado, tudo isso representa desenvolvimento, no campo político resulta em popularidade para o prefeito. O gestor precisa ser muito ruim – e há estes – para não transformar esse tsunami de verbas públicas sobre a cidade em apoio de sua população.
Nas outras eleições estaduais e municipais, a conjuntura era outra. As prefeituras estavam, em grande parte, quebradas, muitas com o FPM chegando zerado e o governo federal só terceirizando responsabilidades aos prefeitos, sem a contrapartida financeira.
A difícil situação do Estado também contribuía para o desgaste dos prefeitos, uma vez que os repasses de transporte escolar e saúde, por exemplo, sempre estavam atrasados, precarizando ainda mais serviços que já não são lá dos melhores. Porém, o governo do Tocantins fez um importantíssimo ajuste de contas e colocou em dia esses benefícios.
É claro que aqueles que sabem tocar a máquina pública e fazer esta informação chegar clara e em alto e bom som à sua comunidade colheram frutos bonitos e bem maduros no que diz respeito à popularidade. Os prefeitos ouvidos pelo “Em Off” falam numa aprovação média de 70% dos gestores por seu povo.
Se com a máquina emperrada, um prefeito desgastado já era um player fundamental no tabuleiro, imagine num patamar de aprovação desses. Por isso que ter o apoio deles neste processo eleitoral não será apenas importante, mas também determinante.
A decisão do voto passa pelos mediadores, naturalmente os líderes locais. Ainda mais num Estado absurdamente mergulhado em desigualdades abismais, fome, desemprego e, assim, total dependência do Poder Público. Diante desse quadro, quem tem uma máquina azeitada, a caneta na mão e elevada popularidade leva os votos para onde quiser.
E essa força dos prefeitos, realmente, sempre é maior nas cidades pequenas, cujas oportunidades de ascensão social são próximas de zero e nelas são as prefeituras que garantem o mínimo para a sobrevivência da maioria. Nos municípios maiores, a autonomia do eleitorado é mais elevada, uma vez que a economia é mais vibrante, o emprego privado tem muito mais qualidade, há universidades, sistema de comunicação mais atuante e, por tudo isso, uma massa crítica bem mais considerável. Então, os votos tendem a se dividir muito.
Assim, repito o recado já dado para a oposição, ainda que esteja claro que não haverá nenhuma composição dos grupos e dificilmente o quadro de pré-candidatos colocados vai ser alterado. Mas, se houver uma conversa séria de aliança entre os nomes, o candidato deve ser aquele que tem mais condições de atrair prefeitos para a sua campanha.
A conversa de que não precisa deles e que vai falar diretamente à população é de quem sabe que não agrega e entra na disputa com apenas fé e coragem.
Claro, o resultado disso em 2 de outubro é de uma obviedade ululante.
CT, Palmas, 27 de julho de 2022.