Com a desfiliação do governador Mauro Carlesse do DEM e o anúncio do deputado federal Carlos Gaguim de que também está de saída, a crise interna do partido chega ao fim antes de seu ápice, previsto para o início de 2022, ano das eleições estaduais. Bom para os litigantes — Carlesse e Gaguim, de um lado, e a deputada federal Dorinha Seabra Rezende, presidente regional democrata, do outro. Não seria positivo para nenhum deles esticar a corda até por volta de março do ano que vem, como ocorreu com a crise do PSDB, até 2020, na disputa entre o ex-senador Ataídes Oliveira, hoje no Pros, e a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, que assumiu o comando regional tucano.
Sem as coligações proporcionais — quer dizer, até este momento, e sabe-se lá o que a Câmara Federal fará em causa própria daqui para frente —, os presidentes regionais precisam pensar na construção de suas chapas para federal e estadual. E como fazer meio a uma guerra interna? De novo, isso atrapalhou demais o PSDB no ano passado.
Assim, Carlesse e Gaguim precisam focar nesse processo de definição de candidatos a deputado estadual e a federal, bem como Dorinha.
O que deve ocorrer é uma deserção em massa de prefeitos, assim que o governador decidir seu novo partido. O DEM foi o que mais elegeu chefes de Executivo municipal em novembro, com 26 nomes. Em segundo, o MDB, com 23, seguido pelo PSD, com 22. Claro que o que deu consistência ao Democratas não eleição passada foi a força do Palácio Araguaia. Portanto, os prefeitos, que sempre querem estar próximo do governo, em sua maioria, deve seguir o rumo partidário do governador.
Gaguim já convidou Carlesse para o Republicanos, para o qual o deputado deve migrar assim que a “janela” de troca partidária for aberta. Mas o governador não deve ficar de carona, depois da má experiência que teve no DEM. Com certeza vai procurar um partido em que possa estar no comando, seja pessoalmente ou por um preposto. Pelo menos, é o mais indicado.
Governador, senador e deputado federal que não comandam partido ficam à mercê da vontade alheia, o que não é, para seus projetos de poder, nada positivo.
É evidente que deveria ser diferente, pertencerem a sigla ideologicamente bem definida, forte, com bandeiras claras. Qual legenda é essa? No Brasil não existe.
Aqui partido é só uma roupa obrigatória para entrar na festa, o processo eleitoral. Fora isso, serve apenas de desculpas para se abocanhar espaços em máquinas públicas e drenar os parcos recursos do contribuinte em forma de fundo partidário e agora também eleitoral.
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Post Scriptum
Bem-vindo! – A boa notícia deste início de semana foi a alta hospitalar do ex-vereador de Palmas Lúcio Campelo, após 34 dias de internação por conta da Covid-19. Campelo se contaminou no ano passado, mas teve sintomas leves. Desta vez, a doença veio forte. Em semanas de tantas notícias ruins e perdas irreparáveis, a recuperação do ex-vereador, muito querido na Capital, é para ser comemorada.
Ajuda financeira – Muito impactante a entrevista da empresária Ana Paula Setti, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Tocantins (Abrasel), ao programa Quadrilátero. Fica muito claro que as diversas instâncias do Poder Público exigem que o empresário sacrifique sua receita, mas não querem abrir mão da arrecadação. Sem ajuda financeira – não só discurso –, vamos enterrar a economia. Tem horas que ela precisa mesmo fechar, mas União, Estado e municípios devem dar o devido socorro.
Tremenda cara de pau – A Advocacia Geral da União (AGU) destacou em manifestação ao STF o que chamou de “verdadeiro empenho” do governo Jair Bolsonaro para comprar vacinas. Para a AGU, a culpa pela lentidão da vacinação no País é da falta de imunizantes no mundo. É uma tremenda cara de pau depois de o governo ignorar ofertas, no início do segundo semestre do ano passado, da Pfizer e do Instituto Butantan, esta última para a Coronav, que Jair Bolsonaro disse, em vídeo, que não compraria por ser a “vacina do Dória”, a “vachina”.
Não querem nenhum – Está tendo uma repercussão enorme o fato de Bolsonaro e Lula liderarem a última pesquisa da XP Investimentos. O primeiro aparece com 24% e o segundo com 21%, na espontânea. Mas os números que mais chamam a atenção são do “não sabe/não respondeu”, total de 36%, e “branco/nulo/nenhum”, 14%. Na soma dá 50%. Esses brasileiros, nesta altura do campeonato, estão dizendo: não queremos Bolsonaro nem Lula. Recado claríssimo às demais correntes.