A insatisfação dos deputados estaduais com a senadora Kátia Abreu (PP) vem de muito tempo. Nada a ver com a personalidade forte dela e com os problemas que isso lhe causou ao longo da carreira. A questão central foi a resistência de Kátia e seu filho, o senador Irajá, em abrir o Progressistas e o PSD para receber os candidatos à reeleição da Assembleia. Sem muitas opções à frente, porque mandatário virou uma espécie de “leproso” na janela partidária, a grande parte da base do governador Wanderlei Barbosa teve que se amontoar no Republicanos, onde o cobertor poderá ser curto para garantir a vaga a todo mundo — são nove deputados pré-candidatos à reeleição.
Um parlamentar chegou a comentar com a coluna que se não serve para estar nos partidos de Kátia e Irajá também não serve para pedir voto para a família. Esse é o clima. Claro que apontam a resistência da pré-candidatura de Kátia junto a prefeitos e o desgaste dela diante da opinião pública para agora engrossar o movimento para tirar a senadora do palanque de Wanderlei.
A seu favor, os Abreu apresentam uma longa lista de prefeitos que mantêm em sua base. Chega-se a falar em mais de 80, contando com os do deputado federal Vicentinho Júnior, que aportou em março no Progressistas. A sustentação é que, em tese, esse volume imenso de líderes não deixaria Kátia e Irajá de forma alguma e os acompanharia para onde fossem.
Assim, especula-se nos bastidores, diante dessa força toda, Wanderlei estaria titubeando. Não desmancha a aliança com a senadora, mas também não pressiona seus deputados a entrarem na campanha de Kátia, o que, aliás, os parlamentares garantem à coluna que não farão nem amarrados – e ainda colocam em dúvida esse número de prefeitos que os Abreus dizem ter.
Fato é que o clima esquentou de tal forma na relação Wanderlei-deputados-Kátia que está chegando a um ponto de erupção. Ou Wanderlei convence os parlamentares a apoiarem a reeleição de Kátia, ou se afasta da senadora e ela que busque seu caminho. Ao que parece, o clima é praticamente inconciliável e o maior prejudicado pode ser a campanha do próprio governador.
Os deputados, como muitos de seus prefeitos, querem pedir votos para a pré-candidatura a senadora de Dorinha Seabra Rezende (UB) e, por isso, sonham vê-la no palanque do Palácio. Outra missão extremamente complicada. Afinal, Dorinha está muito próxima de Eduardo Gomes (PL), que se coloca firme na pré-candidatura a governador de Ronaldo Dimas (PL).
Nos bastidores, o que se conclui é Kátia terá mesmo que pegar a porta de saída do Palácio. Se isso ocorrer, o jogo, que vinha ganhando mais nitidez, embola tudo de novo. A senadora teria a opção de se assentar na majoritária de Paulo Mourão (PT), possibilidade real e já até admitida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outro caminho seria mesmo tornar realidade o que até agora é só especulação, uma candidatura a governador de Irajá.
Se isso ocorrer, o tabuleiro vira de ponta-cabeça e as peças terão que ser colocadas novamente sobre ele e, com certeza, numa configuração bem diferente da que está agora.
Palmas, CT, 4 de maio de 2022.