O senador Eduardo Gomes (MDB) intensificou a andança pelo Tocantins nos últimos dias, reunindo-se com prefeitos e vereadores de todo o Estado. Os dois movimentos mais marcantes ocorreram em Dianópolis na sexta-feira, 13, e em Tocantínia, nessa segunda-feira, 16. Em ambos os lugares, o que ficou claro é que se Gomes não disputar o governo do Tocantins, vai descontentar, e muito, sobretudo, os vereadores do Estado.
Nos últimos dois dias, a coluna conversou com vários parlamentares e todos afirmaram que é praticamente unânime a defesa entre eles da candidatura do senador ao Palácio Araguaia em 2022. Na reunião de Tocantínia esse desejo, inclusive, foi vocalizado por todos que se utilizaram do microfone.
Em Dianópolis uma brincadeira feita pelo pré-candidato a governador Ronaldo Dimas (Podemos), conforme as testemunhas, serviu para confirmar essa vontade dos vereadores. Em seu discurso, o ex-prefeito de Araguaína afirmou que Gomes será o futuro governador do Tocantins e levou a plateia a aplausos estrondosos. Mas depois emendou: “Mas não agora, pois tem outro na fila”, numa referência a ele próprio. Os vereadores contaram à coluna que, então, foi um silêncio sepulcral e constrangedor, que denunciava a decepção dos espectadores.
Candidatura competitiva nasce naturalmente, não se impõe. Frase batida e igualmente verdadeira na política é aquela que diz que ninguém é candidato de si mesmo. Os interessados em concorrer precisam saber até quando podem tentar construir e o momento em que devem reconhecer que não será possível participar da disputa, pelo menos no cargo que almejavam. Quem por miopia política é incapaz de fazer essa leitura cai no ridículo de estar em um processo totalmente deslocado e cujo resultado não poderá ser outro: uma votação risível. No Tocantins, não faltam exemplos desses naufrágios eleitorais.
Pior que isso: tende a sepultar a possibilidade de uma vitória futura. Assim, recuar quando a candidatura não foi devidamente consolidada é um ato de sabedoria que abrirá uma nova oportunidade a curto ou médio prazo.
No caso de Dimas, ainda é cedo para dizer isso. O ex-prefeito tem uma das gestões mais bem-sucedidas da história do Tocantins e, sem dúvida, é um dos homens públicos mais competentes que este Estado já produziu, capital político que poucos podem exibir.
Mas um candidato precisa unir capacidade de gestão e política. Se é aclamado pelos líderes e não for administrativamente competente, ganhará a eleição e será um governante trágico. Se tem competência, mas carece de musculatura política não consegue manter a candidatura em pé.
Se Dimas conseguir firmar alianças com líderes por todo o Tocantins, poderá, sim, ser um candidato a governador competitivo e, sem dúvida, dispõe de todos os predicados para ser um gestor que marcará a história do Tocantins.
Do lado de fora do Palácio Araguaia, Gomes é o melhor exemplo de candidatura natural. Neste momento, o que se vê é um desejo quase incontido da liderança de vê-lo candidato a governador.
Assim, para o senador, disputar ou não as eleições de 2022 depende apenas de uma decisão pessoal. Condições políticas não lhe faltam. Sobram.
CT, Palmas, 17 de agosto de 2021.