O governador Mauro Carlesse (PSL) afirmou pela primeira vez publicamente nessa quinta-feira, 12, que não será candidato e que terminará seu mandato em 31 de dezembro de 2022. Sempre que disse isso foi para grupos pequenos em reuniões fechadas com prefeitos ou deputados. Desta vez, a declaração foi clara, muito audível, para uma plateia muito diversa e com jornalistas.
Como a coluna já afirmou aqui, a oposição não acredita. Os motivos para a descrença são diversos, mas principalmente as andanças, discursos e reações de Carlesse às críticas, que, para os adversários, são típicos de pré-candidato. Ou seja, para os contrários ao Palácio, o governador pensa, fala e anda como candidato, mas diz que não será. Não estão errados.
A despeito das críticas dos opositores, a bem da verdade, para quem acompanhou todas as gestões deste Estado desde o início dos anos 2000, tenho que concordar com o ex-deputado estadual Stalin Bucar, que disse em sua entrevista ao quadro Conversa de Política que Carlesse faz uma boa administração. Diante do que assistimos nas últimas duas décadas, sem dúvida. Poderia ser melhor? Tem esse e aquele erro? Com certeza. Mas não é fácil assumir na situação em que o Estado estava. Fácil é afirmar que se fosse A, ou B, ou C, tudo seria maravilhoso, e o Tocantins estaria pujante, faceiro, em céu de brigadeiro.
Até porque em todas as campanhas eleitorais que tivemos desde 2000 os vencedores garantiram o céu e entregaram o inferno à população e ao sucessor. Então, coloco minha inexistente barba de molho quando ouço alguém falar que é “mole-mole”, que com ele o “bicho pega e tudo dá certo”, que é “só querer”, que “é só não roubar e não deixar roubar” (essa é clássica e esteve em todas as campanhas).
São muitos interesses que precisam ser contrariados, legislações draconianas e inflexíveis e faltam recursos para se fazer tudo o que precisa. O cobertor é pequeno e os santos são muitos. Essa é a realidade. Assim, não acredito em qualquer um — seja quem for — que diga que resolve a “parada” num passe de mágica. A impressão que fica é que tem quem acredita que só sua presença já é capaz de resolver. Calma! O andor é de barro.
Talvez também pelo que Carlesse conseguiu avançar em sua gestão, com o enxugamento das contas e com o fôlego que deu ao Estado nesses anos, é que muitos não acreditem que agora ele colocará o pijama. Afinal, construiu um capital político que, comparativamente, é bem melhor do que os do antecessores mais recentes. Em todos os últimos governos, nesta altura do mandato, a administração já havia jogado a toalha, tinha cara de “fim de feira” e empurrava e acumulava dívidas com servidores e fornecedores. Agora não está assim. Ao contrário. Foram dois anos fechado em copas e agora o Palácio se abre para anunciar obras e investimentos diversos.
Sendo candidato a senador ou não, a expectativa de todos os tocantinenses é de que o governador Carlesse possa entregar o Estado bem melhor do que recebeu. E que seus sucessores também o façam. É assim que vamos recolocar o Tocantins no rumo do desenvolvimento: consertando os abusos e erros crassos do passado, mês a mês, ano a ano. Não existem milagres, não tem fórmulas mágicas. Não tem santo nem salvador da pátria.
Mas voltando à questão eleitoral que cerca de mistérios o governador: será que ele é?
CT, Palmas, 13 de agosto de 2021.