A corrida sucessória do Tocantins começa mesmo a se afunilar em torno de quatro nomes: o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) vai buscar a reeleição com sua grande facilidade para transitar pela política estadual e a robustez da máquina que opera; o ex-prefeito Ronaldo Dimas (PL) aposta em sua gestão em Araguaína e na força do senador Eduardo Gomes (PL) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) para polarizar a disputa e garantir vaga no segundo turno; o ex-deputado Paulo Mourão (PT), da mesma forma, acredita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) impulsionará seu nome; e o deputado federal Osires Damaso (PSC) tenta pegar o vácuo entre uns e outros para catapultar sua pré-candidatura.
As duas campanhas que estão há mais tempo na pista — de Wanderlei e Dimas — ainda parecem acreditar num recuo dos outros dois — Mourão e Damaso — na reta final para as convenções. Contudo, pelas falas e movimentações, o petista e o deputado vão consolidando os nomes e nenhum dá o mínimo sinal de abrir para os outros dois passarem.
Diante da crise entre a senadora Kátia Abreu (PP) e os deputados da base de Wanderlei, já começam a surgir especulações diversas sobre o que poderia ocorrer para acomodar a parlamentar em outras plagas. Uma é real, uma vez que aventada pelo próprio Lula em entrevista a rádio de Palmas. Se romper com o Palácio, Kátia poderia compor a majoritária de Mourão e, ao lado do petista, concorrer à reeleição.
Irritaria bem a base radical de Bolsonaro no Estado, porque esse grupo exaltado entende como inaceitável colocar o PP do ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, senador Ciro Nogueira (PI), numa aliança com o PT de Lula. Nada de anormal, a não ser para os bolsonaristas. Como ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) já disse poucas e boas contra Lula e agora caminha para ser seu vice, Nogueira, até bem pouco tempo, rasgava elogios ao petista e chamava Bolsonaro de fascista e preconceituoso. Alguém tem dúvida de que, caso seja eleito, Lula voltará a ser para o atual ministro de Bolsonaro “o melhor presidente da história deste país, principalmente para o Piauí e o Nordeste [palavras de Nogueira numa entrevista em 2017]”?.
Outra especulação circula entre os próximos do ex-prefeito de Palmas e presidente regional do PSB, Carlos Amastha. É vista como estapafúrdia pelos demais [só a considerarei assim após 30 de julho, porque nada é impossível em política atualmente]. Mas seria o seguinte: com a insatisfação com Kátia na base palaciana, Amastha poderia ser candidato a governador, com o empresário Edison Tabocão (PSD) de vice e a senadora buscaria a reeleição nessa majoritária. Pensa? Uma virada de 180º.
Amastha desconversa, diz que se trata apenas de especulação e lembra que já definiu Damaso como “um candidato a governador excepcional”.
Diga-se: além da musculatura própria que o pré-candidato do PSC exibe, esse apoio do ex-prefeito de Palmas é a confirmação de que o deputado tomou um caminho sem volta. Ele já tem em seu partido o deputado estadual Júnior Geo, que, é bom lembrar, foi o segundo colocado nas eleições de 2020 em Palmas, praticamente sem estrutura de campanha. Junta-se à força de Geo a de Amastha, cujas façanhas em seu tempo de gestão deixaram muitos eleitores desejosos de que ele volte ao comando da Capital, o maior colégio eleitoral do Tocantins.
Como Damaso mesmo disse a uma emissora de TV em Araguaína, em 2023 ou será governador, ou um ex-deputado. Desdizer essa frase impactante a partir de 1º de agosto, logo após as convenções, exigiria um malabarismo linguístico tão grande que não resta outra alternativa a não ser concluir que o pré-candidato do PSC está mesmo pra lá de definido em seguir com seu projeto rumo ao Palácio Araguaia.
Dos nomes da oposição, um cuja pré-candidatura não se questiona é Dimas. Contudo, ainda há aqueles que insistem em teorias da conspiração e que dizem à coluna sentirem falta de uma declaração mais assertiva de Gomes, do tipo “meu candidato a governador é Ronaldo Dimas”. Os conspiradores garantem que ainda não ouviram isso publicamente. Só tangenciamentos.
Já disse aqui e repito: não gosto de teorias da conspiração.
CT, Palmas, 9 de maio de 2022.