A tendência “Articulação de Esquerda” do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nesta quarta-feira, 20, uma nota esclarecendo o posicionamento no Tocantins após congresso estadual. O grupo quer a sigla na oposição ao governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), deixando de ocupar qualquer cargo na estrutura estadual. A postura vai de encontro com as pretensões do presidente regional, José Roberto, que quer indicar o gestor da futura Secretaria Estadual da Igualdade Racial, como mostrou a coluna Em Off.
LEMBRA TEMPOS DE SIQUEIRA
Em longo manifesto, a tendência justifica a posição por se opor ao Palácio Araguaia. Um dos pontos foi a redução da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Tocantins entre o primeiro e segundo turno das eleições de 2022. A diferença para Jair Bolsonaro (PL) foi de 55 mil votos para 23 mil, o que alega ter sido uma consequência da mobilização de Wanderlei Barbosa e todo o grupo de senadores, deputados federais e estaduais. Os petistas chegam a comparar o cenário atual com a União do Tocantins. “Wanderlei Barbosa foi reeleito governador com apoio dos fazendeiros e de toda extrema direita. Hoje governa sem oposição, lembrando muito a ditadura perfeita siqueirista, quando Siqueira Campos dominava o TRE, TJTO, MPE, PM, TCE, Assembleia e quase todos os deputados federais e senadores”, destaca.
OUTROS PONTOS
A tendência também elenca outros pontos, como a atuação do governo estadual contra acampamentos e ocupações de trabalhadores sem terra e sem teto, com uso da força policial. “Essa é a mesma Polícia e o mesmo governador que em 2022 não reprimiu o fechamento de estradas e pontes por parte da extrema direita. A mesma que tentou dar o golpe em 8 de janeiro”, dispara. A defesa da transferência de terras da União ao Estado também é criticado, bem como a recente aprovação da Reforma da Previdência.
Leia a íntegra do manifesto:
“Contra a extrema direita, PT na oposição!
O Congresso Estadual da tendência petista Articulação de Esquerda do Tocantins, realizado no dia 16 de Dezembro em Palmas, aprovou a seguinte Resolução, após debater a Conjuntura Nacional e Estadual.
No ano de 2022, o Tocantins elegeu o governador, a senadora, oito deputados federais e quase todos os estaduais que apoiaram Bolsonaro.
No primeiro turno, Lula teve 55 mil votos a mais que o genocida no Tocantins. Porém, no segundo turno fazendeiros, empresários, líderes religiosos de extrema direita, o governador, senadores, deputados federais e estaduais, a maioria dos prefeitos e vereadores se engajaram na campanha bolsonarista demonizando Lula e o PT. Por causa desta campanha de extrema direita, Lula ganhou com apenas 23 mil votos de frente sobre Bolsonaro no segundo turno no Tocantins.
Wanderlei Barbosa foi reeleito governador com apoio dos fazendeiros e de toda extrema direita. Hoje ele governa sem oposição, lembrando muito a ditadura perfeita siqueirista, quando Siqueira dominava o TRE, TJ, MP, PM, TCE, Assembleia Legislativa e quase todos os deputados federais e senadores.
Por causa da compra de votos, o PT não conseguiu reeleger Célio Moura deputado federal e nem Amália para deputada Estadual, embora tivéssemos votos para tanto.
Desde 2022, Wanderlei ordenou à PM que impedisse acampamentos e ocupações de trabalhadores sem terra e sem teto. A patrulha rural tem levado companheiros e companheiras presos sem ordem judicial, por um crime que não existe: tentativa de esbulho possessório. Essa é a mesma polícia e o mesmo governador que em 2022 não reprimiu o fechamento de estradas e pontes por parte da extrema direita. A mesma que tentou dar o golpe em oito de Janeiro de 2023.
O governo estadual também apoia o projeto de lei do Senador Eduardo Gomes, relatado pela senadora Dorinha (que tem concordância com o mesmo) para se apropriar das terras públicas federais, transferindo-as ao governo de estado, de modo a legalizar a grilagem dos grandes fazendeiros e impedir a destinação dessas terras para os trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Na última semana, o governo estadual com apoio de 20 deputados estaduais conseguiu aprovar a reforma da previdência, assim como Bolsonaro conseguiu em nível nacional, destruindo os direitos dos servidores estaduais. Lembramos que em 2019, apenas o deputado federal Célio Moura do PT votou contra a reforma da previdência. Os outros sete deputados federais do Tocantins votaram a favor.
A tendência petista Articulação de Esquerda se mantém como oposição ao governo estadual e comunicou essa decisão ao diretório Estadual do PT no início desse ano. Ser oposição ao governo estadual significa não ocupar cargos nomeados pelo mesmo, organizando a classe trabalhadora para lutar pelos seus direitos, como a reformna agrária e a moradia digna.
O Congresso Estadual da Articulação de Esquerda aprova o posicionamento de que o PT faça oposição ao atual governo do Estado do Tocantins.”