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Uma ata de registros de preços e o veto da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) a uma revisão geral anual dos servidores da Câmara de Palmas foram os principais temas da sessão desta terça-feira, 30. Ambas as pautas foram bastante debatidas, mas a decisão do Executivo sobre a data-base acabou prevalecendo e um requerimento para convocar o presidente da Agência de Tecnologia de Informação (Agtec), Anderson Jesus, foi aprovado.
Parlamento não pode ser um puxadinho do Paço
O vereador Moisemar Marinho (PDT) foi quem abriu as discussões com críticas às duas ações do município. O veto à data-base do funcionalismo do legislativo foi o primeiro ponto do discurso. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) apresentou parecer pela manutenção da decisão da prefeita, o que o pedetista considerou “uma injustiça com os servidores da Casa de Leis”. “Não podemos deixar o Parlamento ser um puxadinho do Paço municipal”, disse o parlamentar, que adiantou voto pela derrubada do veto.
Farras com dinheiro público
Em seguida, Moisemar Marinho apresentou requerimento para pedir a convocação do presidente da Agetuc para esclarecer o extrato de contrato de ata de registro de preços R$ 62.820.000,00 para serviços de gerenciamento de processos, solução e transformação digital. O parlamentar criticou a velocidade com que o processo foi concluído – cerca de 15 dias, segundo alega – e argumenta que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) disponibiliza de forma gratuita o mesmo sistema que está sendo requisitado pelo Paço. “Prefeita fazendo farra com dinheiro público. […] Compraríamos milhares de cestas básicas”, comparou.
Servidores não serão penalizados
Líder da prefeita Cinthia Ribeiro no Legislativo, Rogério Freitas (MDB) defendeu consenso no debate sobre a revisão geral anual do funcionalismo da Câmara. “A data-base de vocês não vai ser resolvida meramente por discurso político”, disse o emedebista, que acrescentou ter entendido o lado da Mesa Diretora sobre o tema e defendeu que se “chegue em um entendimento”. “Os servidores da Casa não serão penalizados. Isto é fato”, concluiu.
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Não tem motivo para tanto alarde
Rogério Freitas aproveitou para esclarecer sobre a ata de registro de preço da Agetec para serviços de gerenciamento de processos, válido por cinco anos. “Não se trata de um contrato. Não é tempo recorde de licitação, é uma adesão de ata, que tem produtos… Inúmeros. […] está aderida, mas não foi empenhado nenhum real. Os produtos que se fizerem necessários para a modernização da máquina pública serão empenhados e executados. Monitoramento e domicílio fiscal são importantes para evitar tanta burocracia. Não tem motivo para tanto alarde”, argumentou o emedebista.
Não há espaço para mentira
No mesmo tom de Freitas, Folha Filho (Patriota) também defendeu a ata de registro de preços da Agetec com a Ikhon e calculou uma economia de R$ 5 milhões com a digitalização de processos em detrimento dos contratos com copiadoras. O parlamentar também contestou a informação de Moisemar Marinho de que o município conseguiria o serviço de forma gratuita. “O TRF4 negou a possibilidade de conceder o software [programa]. Esta Tribuna e este microfone não há espaço para a mentira”, reagiu.
Enfrentamos a Lei Federal ou a Justiça
Já sobre o veto da data-base, Folha Filho trouxe um debate sobre a legalidade do texto, citando o argumento apresentado no veto de Cinthia Ribeiro. Para vetar o projeto, o município utilizou a Lei Federal 173 de 2020 [Art. 8º, Inciso I], que proíbe concessão de vantagens e benefícios ao funcionalismo até dezembro de 2021 devido à pandemia de Covid-19. “Ou enfrentamos a Lei Federal ou a Justiça”, prevê. Diante disto, o vereador também criticou o discurso de Moisemar Marinho que alega tentar colocá-lo como alguém contrário aos direitos do servidor. “Jamais teria coragem”, garantiu.
Sou contra o veto da prefeita
Principal opositora de Cinthia Ribeiro, a presidente da Câmara de Palmas, Janad Valcari (Podemos), também foi à Tribuna. “Quero dizer aos servidores desta Casa que sou contra o veto da prefeita. A data-base tem que ser cumprida”, disse a parlamentar, que se disse “triste” com o relatório da CCJ pela manutenção da decisão do Paço, que ficou a cargo de Iolanda Castro (Pros).
Prefeitura tem contrato com o mesmo objeto
Janad Valcari também partiu para cima da ata de registro de preços da Agtec para gerenciamento dos processos. A presidente da Casa de Leis afirma haver relação entre empresas que participaram do pregão, sendo a 2ª e 3ª colocadas representantes da vencedora. Além disto, a vereadora cita que o município já assinou contrato em agosto de 2017 para tal serviço. “A prefeitura já tem contrato com este mesmo objeto. Para que comprar outro?”, questiona.
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Câmara não tem condições
Relatora do veto na CCJ, Iolanda Castro também foi à Tribuna para defender que a decisão por ratificar a decisão da prefeita foi uma “questão de legalidade”, reforçando a vedação da Lei Federal 173 de 2020. Entretanto, a vereador diz que “chamou-lhe a atenção” o fato de Janad Valcari ter revelado em uma conversa particular que, se o projeto fosse sancionado, a Casa de Leis “não teria dinheiro” para pagar os direitos. “Coloca a verdade às claras. A Câmara não tem condições”, sustentou. A vereadora também criticou a tentativa da oposição de colocar alguns como “lobo mau” na história. “Aí fica os virgenzinhos dizendo que é a favor sabendo que não tem dinheiro para pagar”, provocou.
Se tirar verba de gabinete paga e os vereadores fujões
Após o discurso de Iolanda Castro, Janad Valcari rebateu brevemente da própria Mesa Diretora. “É só tirar do gabinete que a gente paga”, disse em relação aos recursos para honrar com a data-base do funcionalismo. Quem também voltou a falar foi Folha Filho, mas para alfinetar os que não estavam presentes: Rubens Uchôa (Cidadania) e Joatan Silva (Cidadania). Para o vereador, os colegas foram “covardes” e os chamou de “fujões” por faltarem à sessão que apreciou o veto da prefeita.
Veto mantido e convocação aprovada
Apesar dos debates, o veto total do Executivo à data-base dos servidores do legislativo municipal foi mantido. Apenas seis vereadores discordaram da decisão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB). Por outro lado, Moisemar Marinho conseguiu a aprovação do requerimento que pede a convocação de Anderson Jesus, da Agetec.