Apesar de ausente na sessão que autorizou o Paço a firmar financiamento de R$ 300 milhões para o programa “Palmas Avança”, o vereador Vinícius Pires (Republicanos) fez questão de reforçar o posicionamento contrário à matéria. O republicano relata que não pôde estar presente na reunião de quarta-feira, 27, por conta de uma consulta médica, mas destaca que na Comissão de Administração Pública colocou-se contrário ao texto. “Votar favoravelmente a essa operação seria fechar os olhos para um alerta fiscal claro. Seria empurrar uma dívida pesada para um futuro já ameaçado”, justifica.
PALMAS GASTA MAIS E ECONOMIZA MENOS
O parlamentar pontua que o próprio relatório fiscal do município, apresentado com “positivo” pelo superintendente de Orçamento e Planejamento Estratégico, José Augusto Júnior, sinaliza para uma necessidade de cautela. Apesar do superávit primário de R$ 31,7 milhões, Vinícius Pires destaca que o desempenho representa uma queda de 75% em relação ao mesmo período do ano passado. “Isso significa que estamos gastando mais e economizando menos — uma equação perigosa”, avalia. O vereador relata preocupação com a frustração de receitas na casa dos R$ 85 milhões, com queda do fundo de participação e repasses constitucionais, aliado ao aumento das despesas liquidadas de 7%.
DESEQUILÍBRIO IMINENTE
Vinícius Pires entende que o município não tem condições de arcar com o financiamento. “Se mantermos o ritmo, teremos superávit primário ao final do ano? A resposta técnica é não. A própria estrutura fiscal do município aponta para um desequilíbrio iminente. E ainda assim, a prefeitura propõe a contratação de um empréstimo de R$ 300 milhões, que adicionará, já em 2026, R$ 60 milhões anuais ao serviço da dívida — ou seja, R$ 12 milhões por mês em amortização e juros”, ilustra o vereador, que alerta já haver um gasto anual de R$ 78 milhões com dívidas passadas. “Vamos ultrapassar os R$ 138 milhões por ano em obrigações financeiras”, pontua.
DÍVIDA PARA UM FUTURO JÁ AMEAÇADO
Por fim, o parlamentar questiona duramente a decisão do Paço. “Como essa gestão pretende sustentar esse endividamento sem colocar em risco a manutenção de benefícios, a reposição de equipes de saúde nas UPAs e nas unidades básicas, e outras obrigações essenciais que hoje já enfrentam dificuldades operacionais? A conta não fecha. E quem vai pagar essa conta será o servidor, será o contribuinte, será a população palmense. Não votei nesse empréstimo — e reafirmo aqui minha posição. Votar favoravelmente a essa operação seria fechar os olhos para um alerta fiscal claro. Seria empurrar uma dívida pesada para um futuro já ameaçado”, defende-se.
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