Ninguém é o mesmo depois de um diagnóstico de câncer, que representa um fardo emocional para os pacientes e suas famílias. A sensação de instabilidade e insegurança não persiste apenas durante o tratamento; na verdade, se estende pelos anos seguintes e pode acompanhar os sobreviventes até o fim. Não é à toa que ansiedade e depressão acometem pacientes com a doença numa proporção bem maior.
Para enfrentar esse quadro, em estudo divulgado esta semana na revista científica Trends in Cancer”, pesquisadores propõem uma nova frente de batalha: mirar não somente os tumores, mas a mentalidade e a atitude dos pacientes. Segundo eles, o impacto dessa abordagem poderá se traduzir em benefícios para o tratamento e o bem-estar da pessoa. “Gastamos milhões de dólares tentando prevenir e curar o câncer, mas ele é mais do que uma doença física”, afirma Alia Crum, professora de psicologia na Universidade de Stanford e coautora do trabalho. “Ao mesmo tempo em que miramos as células malignas com tratamentos de ponta, deveríamos também garantir que as ramificações sociais e psicológicas da doença fossem tratadas”, completa._
Décadas de estudos nos campos da neurociência e da psicologia trouxeram o reconhecimento do poder do “mindset”: a forma como cada um enxerga seu entorno é única, tanto que, diante de um diagnóstico perturbador, as reações são diferentes. Os pesquisadores argumentam que empoderar os pacientes para que mudem sua atitude em relação ao câncer é capaz de alterar a experiência da enfermidade. Em vez do pensamento negativo da iminência de uma catástrofe, ou de que pouco ou nada há para se fazer, é possível trabalhar uma perspectiva de que o corpo é capaz e resiliente.
Dessa forma, a pessoa ficará mais engajada, terá menos medo dos efeitos colaterais e se motivará a comer, fazer exercícios e mudanças em seu estilo de vida.“Não estamos falando de pensamento positivo”, ressalta Alia Crum. “Ter uma atitude em relação ao câncer de que ele pode ser administrado e vencido não significa dizer que se trata de algo positivo ou que deveríamos ficar felizes”.Devemos ser perseverantes. (Fonte: G1)