O Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues, postos de combustíveis de Palmas e de cidades do interior do Tocantins amanheceram sem combustíveis nesta sexta-feira, 25, devido a paralisação dos caminhoneiros que chega ao quinto dia. A informação é da Infraero e do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado do Tocantins (Sindiposto).
Levantamento da entidade apontou que não há mais combustíveis nos 54 postos da Capital e nem nas revendedoras de Araguaína e Gurupi. Mas a informação é de que o desabastecimento já atinge quase todos os municípios tocantinenses.
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De acordo com o presidente do Sindiposto, Wilber Silvano, se o movimento fosse encerrado nesta sexta, os posto ainda levariam dois ou mais dias para regularizar o abastecimento. “Eu acho que não é bem rápido porque é em todo Estado”, observou.
Silvano reiterou que apesar dos transtornos e dos prejuízos, o movimento dos motoristas é “legítimo” e mostra que o “grande vilão” dos elevados preços dos combustíveis é o imposto.
“Eles estão no direito de fazer greve. A gente entende que a sociedade está passando por um momento delicadíssimo, mas o movimento é legítimo. Só assim vai resolver o problema de impostos no Brasil, tendo em vista que os postos sempre foram responsabilizados pelos preços altos dos combustíveis. Isso não é verdade e o movimento está mostrando isso”, disse.
Serviços cancelados
No Aeroporto de Palmas há registro de cancelamento de voos da empresa Azul Linhas Aéreas. O CT não conseguiu contato com as empresas Gol e Latam. Já a Passaredo informou que mantem as atividades normalmente nesta sexta.
As frotas de ônibus da Capital também já estão reduzindo os horários de circulação para economizar combustível.
Já as prefeituras e o governo do Estado estão trabalhando com frota reduzida e utilizando a reserva de combustível da garagem central somente em viaturas e ambulâncias.
Manifestação nacional
Por volta das 8 horas desta segunda-feira, 21, caminhoneiros do Tocantins decidiram aderir ao protesto que ocorre em vários pontos do País contra a alta do preço dos combustíveis. Em Paraíso do Tocantins, a categoria realizou uma carreata, com apoio da Associação Comercial e Industrial do município, e agora se encontra paralisada na BR-153 (Belém – Brasília). Após esse ato, mais dez trechos foram bloqueados.
Além do Tocantins foram registrados atos em ao menos 23 Estados. Insatisfeitos com o preço do diesel, que subiu 1,76% nas refinarias, na semana passada, os condutores de veículos de carga queimaram pneus nos acostamentos e bloquearam rodovias. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, o objetivo é mudar a política de preços da Petrobras, zerar a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e isentar o setor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Valter Casimiro (Transportes), além do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, se sentaram à mesa com 11 entidades que se dizem representantes dos caminhoneiros nesta quinta-feira, 24.
Eles pediram a suspensão da paralisação por 15 dias. Em troca, a Petrobras manteria a redução de 10% no valor do diesel por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir os preços; o governo zeraria a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano e negociaria com os Estados buscando o fim da cobrança pelo eixo suspenso, em caminhões que trafegam vazios. O governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final do ano sem mexer na política de preços da Petrobras.
Das onze entidades do setor de transporte, uma delas, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil caminhoneiros, recusou a proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. […] vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes.
Nas estradas de todo país, os manifestantes recusaram o acordo selados por algumas entidades com o governo e os protestos continuam.