O Dia Nacional do Surdo, oficializado em 26 de setembro pela Lei nº 11.796/2008, tem como um dos seus objetivos propor a reflexão e o debate sobre os direitos e a luta pela inclusão das pessoas surdas na sociedade. Mas, assim como quem tem alguma deficiência é difícil se aceitar, com o surdo não é diferente. Raro um surdo consentir com essa sua realidade. Quem não se considera surdo fala que é deficiente auditivo, o que é a mesma coisa.
Já falamos aqui na Coluna do CT que a comunicação dos surdos não se resume somente a libras e que nem todo surdo usa a língua de sinais.
A principais perfis da surdez são:
Surdos Sinalizantes – A língua de sinais (libras) é a principal forma de se comunicar, e, em sua grande maioria, são surdos de nascença, que não usam a comunicação oral e podem até fazer uso das tecnologias, mas são casos raros.
Surdos Oralizados – (no qual me incluo, por mais que muitos falam que eu não seja surdo kkk) quando não usava implante coclear tinha muita dificuldade em assumir para mim e para a sociedade que era surdo. Nossa comunicação é oral e temos domínio da língua portuguesa e outras, porque é mais fácil se comunicar com a maioria das pessoas. E fazemos leitura labial facilmente.
Surdos Bilíngues – É uma pessoa que sabe português e Libras, a Língua Brasileira de Sinais, que é utilizada por uma parcela de surdos porque a maioria dos surdos não a utiliza.
Surdos Unilaterais – São os surdos que ouvem de um ouvido só. Já disse aqui e vou repetir: fiquei surdo de um ouvido – esquerdo, zero – aos 3 anos de idade em decorrência de uma meningite e do outro – direito – ouvia 25% somente e tinha muita dificuldade em saber de onde vinha o som; assim, escolhi ter o português como meu idioma, mas outros preferem português/libras.
Pessoas com Deficiência Auditiva – muitos fazem uso dos aparelhos auditivos, outros não (realmente eles incomodam muito usei por mais de 30 anos) e se comunicam através da língua portuguesa. A grande maioria não gosta de ser chamado de surdo e, acredite, não se acha surda. Tenho certeza que você conhece alguém assim.
Reconhecer que há uma Diversidade Surda (esse termo foi criado pelo grupo de amigos surdos em 2017) é um passo importante para a inclusão e a aceitação do surdo no meio em que vivemos. Porque a maioria das pessoas ouve, tem um grupo que só se comunica por libras, outros falam, escrevem, leem, buscam ferramentas para se incluir com a maioria. Mas respeitar a opinião e a forma de viver de cada um é o que importa e temos que entender que a surdez, além de ser uma deficiência invisível, ela também é muito plural e diversa.
Por fim, o dia 26 de setembro, ao contrário do que muitos podem pensar, não é exclusivo do surdo sinalizante (usuário de libras), ma de todos os tipos de surdos.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
quintino153@gmail.com