Os números do ano passado referente ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foram publicados nesta segunda-feira, 3, pelo governo federal. Os dados servem para mensurar o desempenho do sistema educacional brasileiro a partir da combinação entre a proficiência obtida pelos estudantes em avaliações externas de larga escala (Saeb) e a taxa de aprovação. Nada satisfatório foi o desempenho do ensino médio, no qual apenas Pernambuco e Goiás atingiram a meta na rede pública.
A rede pública de ensino médio do Tocantins atingiu 3,7 pontos no Ideb de 2017, quando a meta para o ano era de 4,2. Apesar da frustração, o Estado está acima de média nacional [3,5] e da região Norte [3,2], além disso ainda mostrou boa evolução ao sair dos 3,3 angariados em 2015. Em todo o Brasil, apenas Pernambuco [4,0] e Goiás [4,2] atingiram o piso estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC). Pará, Rio Grande do Norte e Bahia ficaram como exemplos negativos não atingirem 3,0 pontos de índice.
O Tocantins teve 158 escolas estaduais com o Ideb calculado para 2017, e a maioria delas ficaram com a nota entre 3,2 a 4,1 para o ensino médio [109 unidades, 69% da rede]. Somente 23 colégios [14,6%] tiveram desempenho menor que 3,1. Ao todo, 26 unidades de ensino superaram a meta média de 4,2, sendo que 25 delas conseguiram até 5,1 de pontuação e apenas uma ultrapassou os 5,2 pontos.
Ensino médio particular
A rede privada tocantinense de ensino médio também não atingiu a meta do Ideb, bem como todos os estados brasileiros. O índice do Tocantins foi de 5,8 quando o esperado para o ano passado era 6,6. Entretanto, a média dos colégios particulares de ensino médio tocantinenses foi exatamente igual a nacional [5,8] e superior a da região Norte.
Anos iniciais do ensino fundamental
Os anos iniciais do ensino fundamental da rede pública do Tocantins – seja estadual ou municipal – evoluíram na avaliação e conseguiram ultrapassar em 0,3 ponto a meta de 5,1 estabelecida para 2017. A pontuação de 5,4 fica bem próxima da média nacional [5,5] e consideravelmente acima dos 4,9 atingido pela região Norte. No Brasil, apenas Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Amapá não chegaram à nota mínima estabelecida pelo MEC para o ano passado.
Rede pública por município
Dos 139 municípios do Tocantins, apenas 54 alcançaram a meta estipulada para 2017 em relação aos anos iniciais do ensino fundamental da rede pública [municipal e estadual]. O índice de sucesso de 38,8% das cidades tocantinenses está bem abaixo dos 71% alcançados nacionalmente e dos 52% da região Norte. Inferior a 50% também estão Amapá, Maranhão, Sergipe, Roraima, Pará e Rio de Janeiro.
Quando levado em consideração os anos iniciais do ensino fundamental apenas da rede estadual, dos 55 municípios com escolas do governo com meta calculada, apenas 25 a alcançaram. O índice de sucesso sobe para 45,5%, mas ainda bem abaixo na média nacional neste quesito: 72,3%. Já o índice de êxito das redes municipais tocantinenses para esta mesma fase escolar é de 46,5%; também abaixo da média brasileira, que é de 69,9%. Entretanto, a nota média do Ideb dos anos iniciais do fundamental na rede de ensino estadual tocantinense é de 5,8, um total de 0,5 ponto acima da meta.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a rede estadual do Tocantins registrou, em 2011, uma média de 4,9. Já em 2013, subiu para 5,1 e, em 2015, houve uma queda para 5,0. Já no ano de 2017, houve uma recuperação do ensino e a nota ficou em 5,8, meio ponto acima da meta estabelecida para esta modalidade de ensino, que era 5,3.
A titular da Secretaria da Educação do Tocantins (Seduc), Adriana Borges, por meio da assessoria de comunicação da pasta, comemorou a evolução do Ideb da rede estadual, principalmente no ensino fundamental. “É preciso destacar o fortalecimento do nosso sistema de avaliação, que é feito em parceria com as redes municipais de ensino. Além disso, desenvolvemos um processo de formação continuada para os professores, com material de qualidade, possibilitando a eles estarem sempre atualizados e qualificados para levar o conhecimento aos nossos alunos”, comentou.
Redes municipais do Tocantins
Ainda segundo dados do MEC, das 130 redes municipais tocantinenses com Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental calculado, 76 delas alcançaram nota entre 3,8 e 4,9 [58,5%], 46 ficaram entre 5,0 e 5,9 [35,4%] e cinco conseguiram ultrapassar os 6 pontos. Do outro lado, três municípios do Tocantins sequer atingiram 3,7 de nota. Nacionalmente, a maioria das cidades brasileiras [38,7%] tiveram pontuação igual ou superior a seis.
Na avaliação por número de escolas municipais, das 341 no Tocantins, 159 ficaram com o Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental entre 3,8 e 4,9 [46,6%]; outras 99 se colocaram entre 5,0 e 5,9 de nota [29%], enquanto 49 superaram os seis pontos [14,4%]. Somente 34 unidades não atingiram ao menos 3,7 [10%]. Nacionalmente, a quantidade de colégios de responsabilidade de municípios com nota superior a 6 lideram, alcançando 34,5% de toda a rede.
Já o Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental da rede privada tocantinense não só ultrapassou a meta de 6,9 ao chegar a 7,3 de nota, como também é superior a média nacional, que ficou no 7,1 de pontuação.
Anos finais do ensino fundamental
Ao contrário dos anos iniciais do ensino fundamental, a rede pública do Tocantins – municipal e estadual juntas – não atingiu a meta de 4,8 estabelecida para os últimos anos deste período escolar. Por outro lado, o Ideb do Estado de 4,5 em 2017 foi superior a média nacional de 4,4, o que não acontecia desde 2011. Em 2013, o Brasil garantiu 4 pontos e o Estado ficou com 3,8. A rede pública tocantinense foi chegar a esta pontuação somente em 2015, quando a média brasileira foi para 4,2.
Dos 138 municípios do Tocantins com meta de Ideb calculada, somente 15 a atingiram em relação aos anos finais do ensino fundamental da rede pública [estadual e municipal], ou seja, apenas 10,9% de sucesso. A média das cidades brasileiras também não foi boa [23,9%], mas mesmo assim maior do que as das tocantinenses. A região norte atingiu 15,4% de eficiência, a menor de todas as regiões.
De todos estes 138 municípios, a rede pública – somadas estadual e municipal – de 88 deles ficaram com nota entre 3,5 e 4,4 [63,8%] para os anos finais do fundamental; outras 40 tiveram o Ideb 4,5 e 5,4 [29%]. Somente três cidades tiveram média acima acima de 5,5 [2,2%] e sete abaixo de 3,4 [5,5%].
Rede estadual
Os anos finais do ensino fundamental só da rede estadual de ensino do Tocantins também não chegou a cumprir a meta de 4,8 estabelecida pelo MEC. O Ideb tocantinense de 4,4 também ficou atrás 0,1 ponto da média nacional, mas acima 0,2 da regional. O índice também aponta boa evolução em relação a última avaliação de 3,8 em 2015. Em todo o Brasil, apenas Rondônia, Amazonas, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás atingiram a meta neste cenário.
Dos 132 municípios com escolas da rede estadual, apenas 15 alcançaram a meta estabelecida pelo MEC [11,4%], índice abaixo da média nacional [25,6%] e da região Norte [25,4%].
Rede municipal
Dos 33 municípios do Estado com unidades próprias com os anos finais do ensino fundamental e que tiveram as metas estipuladas pelo MEC, apenas 11 a atingiram [33,3%]. Entretanto, a média é superior à nacional [26,8%] e à regional [14,3%].
Ao todo são 97 escolas nestas 33 cidades tocantinenses, sendo que 43 delas ficaram com nota entre 3,5 e 4,4 [44,3%]; outras 23 atingiram o patamar de 4,5 a 5,4 pontos [23,7%]; 18 delas superaram 5,5 de pontuação [18,6%] e, por fim, 13 não chegaram a 3,4 [13,4%].
Escolas particulares
Assim como nos anos iniciais, as séries finais do ensino fundamental da rede privada tocantinense atingiram – exatamente – a meta de 6,4. O índice também é o mesmo da média nacional e 0,4 ponto superior a nota regional.
Bons exemplos
Por meio da assessoria, a unidade do Colégio da Polícia Militar do Tocantins voltada para o ensino fundamental (CPM I) comemorou a maior nota entre as escolas estaduais da Capital, atingindo a nota 6,4, sendo que o índice projetado para 2017 foi de 5,9. Segundo a comunicação da PM, com essa pontuação, o CPM I não só atingiu a meta projetada, como alcançou os índices previstos para o ano de 2021, se igualando aos índices dos países desenvolvidos.
A direção da unidade atribui a boa nota a uma série de ações como: análise detalhada de resultados, reunir a equipe para debater as informações obtidas e, com base no diagnóstico e nas reflexões realizadas, preparar um plano para transformar tudo isso em trabalho efetivo na escola.
Palmas
Por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), a Prefeitura de Palmas também comemorou o resultado alcançado no índice para o ensino fundamental. Nas séries iniciais, 1º ao 5º ano, rede municipal saiu de 6,2 do último Ideb em 2015 para 6,6 em 2017. Nos anos finais, de 6º ao 9º ano, a nota pulou de 5,6 para 5,8. Segundo o Paço, o MEC estabeleceu meta de 6,0 para 2022.
De acordo com o Ideb, Palmas se consolida entre as melhores das capitais, ficando em 2º lugar, atrás apenas de Teresina (PI), com apenas dois décimos de diferença e na mesma escala de proficiência pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Escolas da Capital
Ainda conforme a prefeitura, nos anos iniciais, a Escola Municipal Beatriz Rodrigues alcançou a média 7,9, seguida pelas escolas Anne Frank e Henrique Talone com 7,5, Olga Benário e Monteiro Lobato com 7,4 e Monsenhor Pedro Pereira Piagem, 7,1. As escolas Sávia Fernandes, Padre Josimo Tavares e Anísio Spínola também se destacaram com média 7,0.
Nos anos finais, a prefeitura informa que o destaque é para a Henrique Talone, com média 7,0, seguida da Monsenhor Pedro Pereira Piagem 6,7, Anne Frank com 6,5; e as escolas Beatriz Rodrigues e Darcy Ribeiro com média 6,4. A unidade Daniel Batista chegou a 6,3 pontos e a Padre Josimo, 6,2. A escola do campo Aprígio Thomaz de Matos, com 6,1, completa parte de cima da tabela.
A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), comemorou os resultados. “Recebo com muito entusiasmo. Nossas escolas são protagonistas de projetos inovadores e vamos continuar turbinando com investimentos para melhorar ainda mais. A população de Palmas aprova nosso sistema de educação e, queremos fazer melhor ainda buscando parcerias e inovando, consolidando o padrão de qualidade como referência para o Brasil”, concluiu.
Paraíso do Tocantins também é destaque
Outro destaque foi Paraíso do Tocantins. Segundo informações do Paço, o município obteve média de 6,3 nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). A nota coloca a educação paraisense em 2º lugar no Estado, atrás justamente da Capital [6,6]. A média 6,0 é a meta estabelecida para países desenvolvidos conforme a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A nota obtida por Paraíso do Tocantins também superou a meta da média nacional estabelecida pelo MEC para 2021. “Em cinco anos de gestão avançamos uma década. Desde 2013 estamos intensificando cada vez mais os investimentos na educação por meio de melhorias na infraestrutura das escolas, da aquisição materiais didáticos de qualidade, da promoção de formações para os professores, da valorização dos profissionais e, acima de tudo, do olhar humanizado sobre o ensino”, contou Lizete Coelho, titular da a Secretaria de Educação e Cultura do município.
Reconhecimento do Paço
Devido ao desempenho da educação municipal no Ideb, a Prefeitura de Paraíso anunciou o pagamento de uma bonificação salarial para todos os profissionais. O prefeito Moisés Avelino (MDB) também comemorou o resultado. “Nós primamos pela qualidade da educação e transparência, fazemos um trabalho com amor, para o nosso povo”, encerrou.
Sintet destaca atuação dos professores e critica gestões
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Tocantins (Sintet) também se manifestaram sobre a divulgação do Ideb. O resultado da Capital foi destacado pela entidade, que fez questão de destacar o “esforço e desempenho” dos professores. “Mesmo diante das mazelas sofridas por uma greve massacrante, em que a gestão da prefeitura de Palmas não cumpriu as reivindicações, a categoria tem desenvolvido seu papel com veemência”, dispara o Sintet em material enviado à imprensa, fazendo referência a paralisação realizada em setembro do ano passado.
Apesar de não ter atingido a meta no ensino médio na rede pública, o Sintet destacou o fato do Tocantins não ter sofrido redução no valor do Ideb entre 2015 e 2017, como aconteceu Amazonas, Roraima, Amapá, Bahia e Rio de Janeiro. Por outro lado, o sindicato apontou que a rede estadual tem uma folha com média de 50% de profissionais em regime de contrato;
Segundo a entidade, estes contratados trabalham com “jornadas exaustivas” e sem garantias porque “não são amparados pelo plano de carreira”. “Fatores que a olho nu elencam um conjunto de desmotivação e que compromete a qualificação. Para sanar este problema, o Sintet cobra a realização de concurso público, visto que o último foi realizado em 2009”, defende no texto à imprensa.
O Sintet ainda reforça que, ainda na rede estadual, professores aguardam retroativo do pagamento das progressões, bem como retroativos da data-base de 2014. O sindicato afirma que a remuneração do professor tem “perdido o poder de compra ano após ano”. “Mesmo diante do cenário cruel de desvalorização do professor, o Ideb cresceu no ensino médio e coloca o Tocantins com o melhor desempenho na Região Norte”, encerra.
(Com informações da Secom do Tocantins, de Palmas, PM e da Ascom do Sintet)