A professora Fátima Duarte, 62 anos, transformou em amor e luta o sofrimento e luto pela perda da filha Savanna. Durante os nove meses de tratamento, a filha observava a dificuldade das pessoas carentes que iam ao centro oncológico e aguardavam nas calçadas pelo atendimento. Diante daquele cenário, Savanna dizia à mãe que ajudaria aqueles necessitados quando seu tratamento terminasse. Lamentavalmente, a garota faleceu, mas seu sonho se tornou realidade. Hoje, Fátima coordena uma casa para pacientes com câncer, acolhendo uma média de 23 mulheres por mês.
“Não foi fácil. Eu digo que quem perde um marido, fica viúva. Ser for a mãe, fica órfão. E um filho, o que é? A gente não acha nem adjetivo. Foram noves meses de tratamento, praticamente uma gestação, que fez nascer o Lar de Savanna”. Fátima ainda aponta para o símbolo do local: uma borboleta, como transformação. Além de ajudar mulheres carentes, ela mantém vivo o sonho e a essência de sua filha chamando a todas as mulheres que acolhe pelo nome de Savanna.
“Quando chega uma Savanna meio caidinha, eu logo digo ‘vamos à luta’. Ame, o amor cura tudo”. A energia para contagiar as mulheres é emanada por um amor de mãe que continua vivo. “Para família e amigos não é como se ela não existisse mais, é como se estivesse no meio”.
Fátima se inspira na força da filha para motivar quem está em tratamento. “Minha filha Savanna é diferenciada de tudo. Eu nunca ouvi um gemido durante todo seu tratamento. Por isso, nós não falamos sobre doença aqui. É um espaço de transformação”.
O lar
Localizado no Setor Brasil de Araguaína, a casa conta com cinco quartos, sala de visitas, cozinha com fogão industrial, banheiros, dispensa e varanda. O espaço também gera empregos, são seguranças, cozinheiras, porteiro e auxiliar de serviços gerais. Acomodando até dez pacientes por vez, com cinco alimentações diárias.
A iniciativa de ter um local para ajudar as mulheres “plasmou” com uma proposta do então presidente da Associação Pró Vida de Combate ao Câncer, à época. Usando a casa por comodato, ela levantou fundos para reforma e mobília. Parceiros que ela visita todos os dias e exibe sua gratidão em quadros com dezenas de nomes, logo na entrada do Lar, inaugurado em 7 de setembro de 2017, um ano após o falecimento da filha, aos 35 anos.
“Estes quadros têm os nomes de todas as pessoas que ajudaram na casa. Da barra do lençol até a placa de alumínio usada para gravar os nomes. Hoje, já preciso de mais quadros”. Fátima ainda busca desenvolver outro local com espaço para atividades recreativas que ajudarão no tratamento das mulheres, como por exemplo, a dança de salão. (Com informações da ascom da Prefeitura de Araguaína)