O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgou nesta quarta-feira, 5, a edição de 2019 do Atlas da Violência, com dados compilados até 2017. O documento mostra o Tocantins registrando taxa de 35,9 homicídios por 100 mil habitantes, número 4,5% menor do que o alcançado em 2016, mais ainda assim maior que a média nacional, que alcançou taxa de 31,6 em 2017.
É a segunda redução na taxa de homicídios em 11 anos de levantamento. Entre 2012 e 2013, o Tocantins também registrou queda [de 26,7 para 23,6]. Entretanto, a variação de 2007 a 2017 é de 116% de crescimento. Em números absolutos, o Estado anotou 557 assassinatos em 2017, sendo o quinto com o menor número do País, atrás apenas de Roraima, Amapá, Acre e Rondônia, todos da região Norte.
Nacional
O Brasil atingiu o patamar de 31,6 homicídios por 100 mil habitantes pela primeira vez. A taxa, registrada em 2017, corresponde a 65.602 homicídios naquele ano. O estado com maior crescimento no número de homicídios em 2017 foi o Ceará, que registrou alta de 49,2% e atingiu o recorde histórico de 5.433 mortes violentas intencionais, causados por armas de fogo, droga ilícita e conflitos interpessoais.
No Acre, a variação foi de 42,1% em 2017, totalizando 516 homicídios – considerando-se o período de 2007 a 2017, o número de homicídios subiu 276,6% no estado, a maior variação de todo o Brasil em 11 anos. O resultado contrasta com o baixo número de assassinatos em números absolutos, abaixo até do que o Tocantins.
Perfil das vítimas
Homem jovem, solteiro, negro, com até sete anos de estudo e que esteja na rua nos meses mais quentes do ano entre 18 e 22 horas, conforme o relatório, este é o perfil dos indivíduos com mais probabilidade de morte violenta intencional no Brasil. O homicídio de jovens de 15 a 29 ano é um dos pontos destacados por esta edição do Atlas.
Os homicídios respondem por 59,1% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no país. Apenas em 2017, 35.783 jovens de 15 a 29 anos foram mortos, uma taxa de 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens, recorde nos últimos 10 anos. O Tocantins registrou a morte de 72,4 jovens por 100 mil habitantes, superior à média nacional de 69,9. O crescimento em relação a 2016 foi de 7,3% no Estado.
Mulheres
O ano de 2017 registrou, também, um crescimento dos homicídios femininos no Brasil, chegando a 13 por dia. Ao todo, 4.936 mulheres foram mortas, o maior número registrado desde 2007 – 66% delas eram negras. Entre 2007 e 2017, houve um crescimento de 30,7% nos homicídios de mulheres no Brasil. A taxa do Tocantins foi de 4,4 mulheres por 100 mil habitantes do grupo, média novamente maior que a brasileira.
O Atlas traz ainda uma seção inédita sobre a violência contra a população LGBTI+. Segundo uma das bases utilizadas pela pesquisa – o canal de denúncias Disque 100 -, houve um forte crescimento nos últimos seis anos nas denúncias de homicídios contra a população LGBTI+, que subiram de cinco em 2011 para 193 em 2017, ano em que o crescimento foi de 127%.
Os pesquisadores compararam esses dados com informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e encontraram um mesmo resultado qualitativo. Em mais de 70% dos casos, os autores do crime são do sexo masculino, enquanto que a maioria das vítimas é de homo ou bissexuais do sexo feminino. (Com informações do Ipea)