Nesta segunda-feira, 28, o protesto nacional dos caminhoneiros completa oito dias e ainda não há previsão para término. De acordo com um dos organizadores do movimento no Estado, Amaury Lima, a proposta anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) na noite deste domingo, 27, não foi acatada. A categoria questiona a redução somente por 60 dias e também tem receio de que o acordo não seja cumprido.
“Estamos com um pé atrás outro na frente porque tem muitas situações para serem resolvidas. Esse acordo foi feito para reduzir o diesel por 60 dias. Daqui a 60 dias a gente vai ter que parar tudo de novo?”, questionou. “Os impostos que pagamos são muito caros, o petróleo é muito caro. Nós não estamos vendo eles mexerem nisso. Por isso, por enquanto estamos todos paralisados. Continuamos firmes. Pode ser que a gente abra a qualquer momento, mas no momento vamos continuar”, ressaltou Lima.
O manifestante criticou a grande mídia e mencionou que a organização e sucesso do movimento se deve ao Whatsapp. “Se não fosse o Whatsapp não tinha durado do jeito que está durando, porque essas outras emissoras só tentam distorcer as informações, mas como nós temos contatos com todos os Estados, nós estamos tendo o controle da situação”, disse.
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Apesar da facilidade de comunicação com os demais manifestantes, o caminhoneiro confessou que a dificuldade que o movimento enfrenta é exatamente quanto a eleição de uma representatividade nacional para negociar com o governo.
“Esse pessoal que está lá é de sindicato e a gente não tem contato com eles, por isso que estamos resistindo. A partir do momento que juntar uma comissão de cada Estado e a gente discutir a situação, ligeirinho resolve”, garantiu o motorista.
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, declarou à imprensa que a categoria retorna ao trabalho ainda nesta segunda. O que não foi confirmado por Lima. “A preocupação da gente é que isso se acabe igual as outras [manifestações] têm acabado. Fazem o acordo de qualquer jeito e nós não sabemos quem está defendendo a gente, porque quem está sofrendo somos nós motoristas. Esse povo de sindicato está lá no ar-condicionado, estão bem. Então, eles não passam as mazelas que nós passamos”, argumentou.
A categoria busca agora organizar lideranças em cada Estado para se reunirem em Brasília e junto com as entidades representativas firmarem um acordo com a União. “Como agora o movimento pegou corpo e pegou força, nós vamos preparar para fazer essa organização, vamos ver se a gente acha um espaço na televisão para fazer esse tipo de trabalho”, informou Lima.
Oito dias de protesto
Há uma semana caminhoneiros de todo país iniciaram o protesto contra a alta do óleo diesel e dos impostos que incidem sobre o combustível. Após três dias de movimento, a sociedade começou a sentir os reflexos, com a falta de alimentos, principalmente frutas e verduras, e combustíveis.
Em Palmas, há registros de que todos os postos estão com estoque de combustível zerado. Em várias cidades do interior também não há mais produto. Filas de dezenas de carros se formaram desde quarta-feira passada nas revendedoras que ainda tinham combustível em seus estoques.
O Aeroporto da Capital também ficou desabastecido voos foram cancelados. Prefeituras e Estado estão trabalhando com frota reduzida e utilizando a reserva de combustível da garagem central somente nas viaturas e ambulâncias.
Ao CT, o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado do Tocantins (Sindiposto-TO) informou que ainda não há previsão para chegada do produto nos postos do Estado.
Negociações
Na primeira rodada de negociações com sindicatos dos caminhoneiros, se acordou que a Petrobras baixaria em 10% o preço do diesel nas refinarias durante 30 dias, e os caminhoneiros fariam uma trégua de 15 dias na paralisação. Os manifestantes recusaram a proposta afirmando que o acordo foi assinado por entidades que não representam a categoria.
O governo federal cedeu e decidiu congelar por 60 dias a redução do preço do diesel na bomba em R$ 0,46 por litro. A proposta foi anunciada na noite deste domingo pelo presidente Michel Temer, que fez um pronunciamento depois de um dia inteiro de negociações no Palácio do Planalto. A União concordou ainda em eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país, além de estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário.
Pelo país ainda não há informação de que a categoria vai deixar as rodovias.