O governador Mauro Carlesse (DEM) aproveitou a participação no programa “Microfone Verdade”, da rádio Porto FM, para anunciar a implantação de 15 leitos clínicos e outros dez de unidade de terapia intensiva (UTI) no Hospital Regional de Porto Nacional. Na entrevista concedida na terça-feira, 25, o democrata ainda cobra do prefeito Joaquim Maia (MDB) investimentos do município na área. O emedebista reagiu em duro vídeo divulgado nesta quarta-feira, 26, esclarecendo sobre as obrigações de cada ente no sistema tripartite e lembrando que atenção do governo é resultado de decisão judicial.
Vamos cobrar o prefeito
Na entrevista, Mauro Carlesse afirma que trabalha para implantar os leitos de Covid-19 o “mais rápido possível” no hospital regional e, ao fazer o anúncio, também questiona o trabalho feito pelo Paço. “O prefeito tem que ter os seus leitos clínicos para atender neste primeiro trabalho que é feito, de cuidados. Não sei, em Porto Nacional, qual a quantidade de leitos que o prefeito colocou à disposição da população, mas de qualquer maneira, vamos cobrar também”, comentou.
Prefeito também tem responsabilidade
Apesar de na mesma entrevista admitir que a alta complexidade é uma obrigação do Estado e a baixa do município, Mauro Carlesse decide, em seguida, cobrar dos municípios a ajuda na disponibilização de unidades de terapia intensiva. “Aquele paciente que tiver que ir para a UTI, o prefeito, neste momento, também tem a responsabilidade. Por quê? Porque o governo federal mandou recursos para todos os municípios. Para quê? Para os prefeitos tomarem providências e colocarem os leitos – não é só os remédios -, inclusive os de UTI”, defendeu o governador.
Não é nada pessoal
Mauro Carlesse afirma que esta cobrança junto aos municípios “não é nada pessoal”, mas entende que o combate ao novo coronavírus será mais eficiente com a atuação de todos. “Se junta governo, prefeito e o apoio da comunidade – isolamento, uso de máscara – a gente vai conseguir sair desta pandemia”, pondera. Não é a primeira vez que Mauro Carlesse provoca prefeitos por não investir em leitos. Laurez Moreira (PSDB), de Gurupi, também está na lista, mas reagiu; assim como Joaquim Maia.
Sistema é tripartite
O prefeito de Porto Nacional foi bastante crítico com a postura de Mauro Carlesse de cobrar municípios algo fora de suas prerrogativas. “Não haja dessa maneira, seja claro para que nossa população entenda como funciona o sistema de saúde do nosso País. Ele é tripartite, traz responsabilidades do governo federal, estadual e municipal. Isto é pactuado. […] Não coloque desta forma, querer atribuir aos prefeitos uma condição de responsabilidade em implantação de leitos clínicos e UTIs. Esta responsabilidade é do senhor, do governo do Estado”, rebateu.
Estado parado, inerte
Após esclarecer as obrigações do Palácio Araguaia, Joaquim Maia passa a criticá-lo justamente nesta frente. “O que nós vemos é um governo que tem estado parado, inerte, olhando as coisas acontecerem. E não foi diferente aqui em Porto Nacional. Várias reclamações no Hospital Regional, de descaso, de mal atendimento, de falta de EPIs [equipamentos de proteção individual], de falta de condições para tratamento das pessoas, e o principal, nossa população reivindicando leitos de UTI”, reforça.
Leitos em Porto Nacional é oriundo de decisão judicial
Sobre o anúncio da implantação de leitos no hospital regional, Joaquim Maia lembra que a medida vem após determinação do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) em ação do Ministério Público (MPE) e Defensoria. “Neste momento, após uma decisão judicial, de uma obrigação de fazer, o senhor vem anunciar que vai implantar estes leitos clínicos como se fosse uma benesse para o nosso povo. Não é benesse, é obrigação. Isto está judicializado. A Justiça esclareceu que a responsabilidade é do senhor”, afirmou. O TJTO deu 20 duas para que o Palácio Araguaia disponibilize 10 leitos clínicos e outros três de UTI. Carlesse prometeu 15 e 10 de cada, respectivamente.
Responsabilidade
Joaquim Maia encerra com um novo pedido para que o governador não transfira obrigações aos municípios. “Aja com responsabilidade com nós prefeitos. Não queira atribuir a nós responsabilidades que são do Estado. Foram mais de R$ 300 milhões destinados ao governo para combate à pandemia. Nós em Porto Nacional temos bem utilizado o que foi nos disponibilizado: entregando o serviço de saúde na atenção básica. Agora os leitos clínicos e de UTI são de responsabilidade do senhor”, diz no vídeo.
Confira abaixo a entrevista de Mauro Carlesse e a resposta de Joaquim Maia: