Uma carta assinada por 47 entidades da sociedade civil cobram do governador Mauro Carlesse (DEM) um “posicionamento claro” sobre a crise de Covid-19 pela qual passa o Tocantins e, especificamente, a região Macro-Norte do Estado, que chegou a possuir 63,6% dos casos confirmados do novo coronavírus e e 67,7% dos óbitos, conforme o Boletim Epidemiológico de domingo, 17.
Manifestação apartidária
As entidades garantem que a manifestação é “responsável, racional, apolítica e apartidária”, mas o texto também foi enviado para órgãos de controle, bancada federal, Assembleia Legislativa, Ministério da Saúde e até ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), conforme relatam.
Tocantins teve tempo
A carta aberta critica uma demora do Palácio Araguaia em adotar as medidas que efetivamente minimizem o impacto da crise. “Nosso Tocantins teve mais tempo do que a maioria dos estados brasileiros e de vários países para, preventivamente, adotar medidas de adequação na estrutura hospitalar e ambulatorial”, anota o texto, ao citar que o decreto de calamidade pública veio ainda no dia 21 de março.
Isolamento social não reduziu escalada dos casos
Na avaliação das entidades, a estratégia do governo estadual não foi efetiva, apesar do maior tempo para se adaptar. “Ocorre que, desde a decretação da situação de calamidade pública já se passaram 60 dias. Durante este período, diversas medidas voltadas para a diminuição da movimentação de pessoas foram tomadas pelas prefeituras e pelo próprio Estado, e mesmo assim, há cerca de 10 dias, com o aumento do número de testes, tivemos um enorme crescimento da curva de contaminados e, o pior, do número de casos graves e de óbitos”, lamentam. O Norte e o Bico do Papagaio somam 21 das 31 mortes pelo novo coronavírus e mais de 60% dos casos do Estado.
Apenas restrições, não há medidas efetivas
O texto não questiona a importância das medidas de isolamento social, mas reforça que a estratégia só se justifica com “implementação de medidas efetivas para ampliar a rede de atendimento de saúde pública”. “Até o momento, o que se tem visto como medida de combate por parte da gestão pública são apenas determinações que restringem ou proíbem o trânsito de pessoas e o comércio tido como ‘não-essencial’, mas medidas efetivas para sustentar essas restrições não tem sido tomadas”, resumem.
Única opção é reforçar rede de saúde
As entidades são categóricas em defender o investimento em leitos, sob o risco do Estado entrar rapidamente em colapso. “Não há outra alternativa: precisamos urgentemente da ampliação da capacidade da Região Macro-Norte para o atendimento dos tocantinenses aqui residentes”, escreve. A carta ainda alerta para o potencial dano econômico. “Estamos nos escondendo do vírus, de maneira generalizada, enquanto isso, o desemprego e as duras consequências econômicas vão se agigantando em nosso Estado. Portanto, há a necessidade de se justificar uma paralisação com medidas efetivas por parte dos nossos representantes”, acrescenta.