Um manifesto assinado por 17 entidades de defesa dos Direitos Humanos repudia a série de assassinatos registrados de sexta-feira, 4, para sábado, 5, em Miracema do Tocantins. Sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa foi morto em confronto com criminosos. Horas depois, o principal suspeito do crime, Valbiano Marinho da Silva, foi assassinado em casa. O pai e o irmão dele, Manoel Soares e Edson Marinhos, respectivamente, foram encaminhados para uma delegacia, onde foram executados a tiros por 15 homens encapuzados que invadiram o local. Além disso, outras três mortes foram registradas no fim de semana.
Execução sob custódia do Estado é fato gravíssimo
O texto condena o contexto com que os assassinatos aconteceram e sugere a participação de agentes públicos. “A suspeita é que o crime tenha sido praticado por pessoas que representam a ordem e a segurança do povo. Fato gravíssimo ainda é que dois dos chacinados, um pai e seu filho, estavam sob custódia do Estado […]. Os indícios apontam que todos os homicídios estejam interligados […]. Ao que tudo indica, as mortes apontam para uma possível vingança por causa da morte desse policial em troca de tiros nas imediações de uma periferia de Miracema, ocorrida exatamente um dia antes dessa chacina”, contextualiza.
Não se pode tolerar o extermínio de pessoas
Na avaliação das entidades, a “truculência” dos agentes de segurança “não é novidade para comunidades de bairros pobres”. “Arbitrariedades, prisões ilegais, desaparecimentos súbitos, são a regra e, nesses casos, geralmente, a polícia alega que houve troca de tiros e registra a ocorrência como ‘auto de resistência’”, contesta. Esta lógica, conforme o grupo, resulta no aprofundamento da violência. “É claro que os crimes de autoridades policiais devem ter punições, assim como de qualquer cidadão. O que não se pode tolerar é o extermínio de pessoas”, acrescenta.
Investigação rápida e eficaz
As entidades aproveitam o manifesto para reforçar a defesa da desmilitarização da polícia e a construção de um novo modelo de segurança pública. O grupo ainda cobra a devida apuração dos fatos e punição dos envolvidos. “Queremos que haja uma rápida e eficaz investigação dos vários assassinatos, que têm todos os sinais de ser uma chacina por vingança, a identificação e punição dos 15 homens encapuzados que invadiram a delegacia e assassinaram os detidos e a apuração de possível participação de agentes públicos na execução ou facilitação desses atos”, finaliza.
Assinaram o manifesto:
Comissão Justiça e Paz, regional Norte 3
- Movimento Estadual de Direitos Humanos do Tocantins
- Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Glória de Ivone – Palmas
- Centro de Direitos Humanos de Araguaína
- Centro de Direitos Humanos de Cristalândia/Regional
- Centro de Direitos Humanos de Formoso do Araguaia,
- Centro de Direitos Humanos de Palmas/Regional,
- Centro de Direitos Humanos de Porto Nacional
- Centro de Direitos Humanos de Taguatinga (TO)
- Centro de Educação Popular – Palmas
- Comissão Pastoral da Terra – CPT/Araguaína
- Conselho Indigenista Missionário – CIMI – Tocantins e Goiás
- Comsaúde- Porto Nacional
- Fórum estadual de usuários do SUAS – Estadual
- Grupo de consciência negra – Enegrecer
- Movimento dos Atingidos por Barragens – Estadual
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST/Estadual
- Instituto de Art´Afro e Direitos Humanos