Enfermeira da rede estadual, Valéria Araújo de Queiroz teve vídeos em que criticar a estrutura para recebimento e tratamento dos pacientes com Covid-19 no Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR) viralizados. “Passei a noite trabalhando com uma paciente suspeita de Covid-19 em um lugar que ainda não está adequado”, conta a servidora em uma das imagens divulgadas em um grupo da categoria.
Não tem por onde sair o lixo de Covid-19
Um dos pontos mais questionados pela servidora é a falta de tratamento do lixo da ala de Covid-19 da HMDR. No vídeo, Valéria Araújo diz que o lixo “não tem por onde sair”. “O lixo do Covid-19 é de contaminação grau 3, tem que ser separado”, relata a enfermeira, que em outro vídeo mostra sacolas separadas em um canto de uma sala por não haver forma correta de descartá-lo.
Palmas precisa de unidade de referência só para Covid-19
O HMDR só recebe paciente de Covid-19 mulheres gestantes e tem apenas um leito para este grupo. “O restante ainda não está estruturado”, disse à Coluna do CT. Entretanto, a enfermeira alerta para outro “problema maior”. “Palmas tem que ter um local de referência. Não dá para ficar ‘isto vai para o Dona Regina, este para o HGP, para o Infantil e este para a UPA’. As pessoas tem que saber para onde elas vão, precisam ser orientadas quanto a isto”, reforça.
Linha de frente tem que entrar e socorrer paciente
Outro ponto alvo de questionamento de Valéria Araújo é em relação ao atendimento. A servidora cita que apenas enfermeiros tem atuado diretamente com os pacientes de Covid-19, enquanto demais áreas fazem consultas por chamadas telefônicas. “Não é apenas pelo telefone. Se nós estamos no hospital, na linha de frente, temos que entrar e socorrer a paciente. Não só a enfermagem, mas toda a equipe disciplinar e os médicos.
Testagem de profissionais
Em um terceiro vídeo, Valéria Araújo de Queiroz também questiona a dificuldade de médicos e enfermeiros de serem testados para Covid-19, apesar de estarem na linha de frente. A crítica é feita ao contextualizar a situação dos profissionais com os visitantes do Palácio Araguaia que precisam ser testados antes de terem uma reunião com o governador Mauro Carlesse (DEM), conforme mostrou publicação do vice-governador Wanderlei Barbosa nas redes sociais. “Para conseguir fazer um teste, mesmo tendo contato direto com o paciente, está sendo muito complicado”, relata.
HMDR não é referência, mas está sendo estruturado
Acionada, a Secretaria da Saúde (Sesau) esclarece que o HMDR não é uma unidade de referência para pacientes com Covid-19, mas a demanda crescente fez com que o Estado desse início a estruturação do chamado “covidário”. A pasta explica que é justamente por causa disto que há várias camas expostas nos corredores da unidade. Neste momento, casos leves são orientadas ao isolamento domiciliar e os graves referenciados para o Hospital Geral de Palmas (HGP).
Segurança sanitária
Sobre a coleta de lixo, a secretaria garantiu que segue os cuidados exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também em relação a segurança dos profissionais de saúde, a Sasau afirma que todas as unidades estão “devidamente abastecidas de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs)”, reforçando ainda que os servidores são testados quando apresentam sintomas da Covid-19. “para otimizar a utilização dos testes, visto que os mesmos apresentam eficácia a partir do sétimo dia de contágio”, esclarece.
Veja abaixo íntegra da nota e veja as manifestações da servidora:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que o Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR) não é unidade referência para pacientes acometidos com Covid-19, mas desde o início da pandemia disponibilizou um quarto para isolamento imediato das pessoas sintomáticas (seguindo todos os protocolos de manejo e atenção recomendados pelo Ministério da Saúde). Os casos leves orientadas ao isolamento domiciliar e os casos graves referenciados para o Hospital Geral de Palmas (HGP).
Devido a demanda crescente, o HMDR está estruturando o “covidário”, motivo pelo qual várias camas (não macas) estão expostas nos corredores da unidade.
A SES destaca que a coleta de lixo na unidade segue de forma regular e os cuidados com os descartes do espaço destinado aos pacientes com Covid-19 são enquadrados na categoria A1, conforme resolução nº 222 de 28 de março de 2018, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em consonância a Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 (atualizada em 08/05/2020).
Sobre os cuidados com os profissionais que atuam na linha de frente no manejo aos pacientes acometidos com a Covid-19, a SES enfatiza que todas as unidades hospitalares geridas pelo Executivo Estadual estão devidamente abastecidas de Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) todos em observância às orientações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e da Comissão de Controle de Infecção Hospital (CCIH) de acordo com a área de atuação dos profissionais, dentro de cada unidade.
A SES enfatiza que as testagens de profissionais de saúde são realizadas em pessoas que apresentam sintomas da doença, para otimizar a utilização dos testes, visto que os mesmos apresentam eficácia a partir do sétimo dia de contágio.
A SES informa ainda que a Superintendência de Gestão Profissional e Educação na Saúde, por meio da área técnica de saúde do trabalhador, monitora diariamente com os Núcleos de Saúde e Segurança do Trabalhador (NASST) e com os Recursos Humanos nas unidades onde não há o NASST, a situação da disposição da força de trabalho nos estabelecimentos de saúde.
O monitoramento da SES consiste no acompanhamento de servidores infectados, suspeitos e com quadro gripal e no apoio técnico psicológico nas unidades com servidores infectados.
Palmas, 08 de junho de 2020
Veja os vídeos da servidora: