A ação da Prefeitura de Lagoa da Confusão de entrega de alimentos, máscaras e álcool em gel na Aldeia JK nesta quarta-feira, 24, foi marcada por polêmica. Viralizou nas redes sociais um vídeo em que Narubia Werreria, da etnia Karajá, critica a quantidade de pessoas para realizarem o trabalho em meio a pandemia de Covid-19. O município já soma 30 casos confirmados da doença, conforme último Boletim Epidemiológico.
Desrespeito à barreira sanitária
Nas imagens que circulam nas redes sociais, Narubia Werreria aparece criticando a presença do prefeito Nelsinho Alves (MDB), de um pré-candidato a vereador, Iwaru Karajá, e dos servidores na aldeia, desrespeitando a barreira sanitária feita pela própria comunidade, segundo a mesma afirma no vídeo. Também é sugerido que a ação tem objetivos políticos. “Vocês acham que a gente não sabe que isto é campanha eleitoral? Se não tivesse [teor político] fariam diferente”, dispara.
Entrega de alimentos faz parte de uma ação anual do Paço
Acionada, a Prefeitura de Lagoa da Confusão esclareceu que a entrega de alimentos nas aldeias faz parte do programa “Ação e Inclusão”, que é feita anualmente. Além da JK, também são contempladas as aldeias Watau, Macaúba, Fontoura e Santa Isabel. Além das cestas básicas, o município também incluiu máscaras e álcool em gel na iniciativa deste ano devido à pandemia. O Paço garantiu que toda a equipe presente passou por avaliação médica antes de se dirigirem às aldeias.
Faltou diálogo
Sobre a quantidade de servidores para realizar a ação – ponto questionado por Narubia Werreria -, a prefeitura argumentou que apenas parte do grupo foi autorizado a entrar na aldeia, e que o restante serviu apenas de apoio. A nota do Paço ainda afirma que a entrega de alimentos foi respaldada pela Fundação do Índio (Funai) e acrescenta que apoia a barreira sanitária. Por fim, o Paço disse apenas “lamentar a falta de diálogo de uma das indígenas”, referindo-se a Narubia.
Já recebemos apoio antes e nunca veio políticos
À Coluna do CT nesta quinta-feira, 25, Narubia Werreria esclareceu que as partes chegaram a um consenso e os alimentos e equipamentos de higiene foram entregues. Sobre a indignação demonstrada no vídeo, a indígena da etnia Karajá explica que limitou-se ao número de pessoas para realizar a ação. “Era uma comitiva com mais de 10 pessoas. Sem necessidade. Já recebemos cestas básicas antes e nunca veio políticos”, relatou.
Ajuda consciente
Narubia Werreria não nega que os povo originários necessitam de suporte, mas pediu mais responsabilidade diante da pandemia de Covid-19. “Temos vulnerabilidade sociais e culturais. Nós indígenas do Tocantins precisamos deste apoio, mas de forma consciente e dentro da razoabilidade do momento. Não podemos permitir que as pessoas de fora entrem nas comunidades”, emendou.
Confira abaixo o vídeo e a nota de esclarecimento da Prefeitura de Lagoa da Confusão:
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
Sobre a ação da Prefeitura de Lagoa da Confusão, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação, informamos que o projeto “Inclusão e Ação” acontece, anualmente, desde o primeiro ano da atual gestão.
Durante a pandemia, o projeto foi reformulado e, além de alimentos, a Prefeitura de Lagoa da Confusão leva máscaras e álcool em gel para as aldeias,visando a garantia de direitos aos povos indígenas.
Antes de se deslocar para a aldeia, a equipe passou por prévia avaliação médica. Respeitando as ordens indígenas, apenas parte da equipe foi autorizada a entrar na aldeia. O restante da equipe esteve no local apenas como apoio. É importante ressaltar que a ação realizada pela Prefeitura recebe o respaldo da Funai.
O prefeito Nelsinho Moreira e sua esposa, a primeira-dama e secretária de Assistência Social e Habitação Rafaela Moreira, concordam e apoiam a barreira sanitária instalada no local. Eles apenas lamentam a falta de diálogo de uma das indígenas.”