De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, a produção de grãos do estado do Tocantins para a safra 2021/2022 já superou a anterior em 6,7%, sendo estimada em 5,89 milhões de toneladas. A soja e o milho são destaques na produção tocantinense, com estimativa de 1,4 milhão de hectares plantados.
O território do Tocantins abriga dez classes de solos no 1 o nível categórico dentre aquelas descritas no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Santos et al., 2018), as quais se desdobram em 18 classes no nível de subordem (IBGE, 2019). Esses solos são, em sua maioria, muito intemperizados, em razão de seu desenvolvimento sob clima tropical quente e úmido do Cerrado brasileiro. Em geral, são caracterizados pela sua baixa fertilidade e elevada acidez. De acordo com IBGE (2019), a classe dos Plintossolos é a mais abundante no estado, com aproximadamente 36% de ocupação do território. A classe no nível de subordem mais frequente é a dos Plintossolo Pétricos (25%) (Figura 1).
O manejo agrícola de Plintossolos Pétricos é complexo, tanto pelo fato inerente à região de ocorrência, que consiste em baixa altitude e clima tropical quente, com chuvas sazonais e veranicos frequentes, como também pelas dificuldades impostas pela presença de cascalho no perfil destes solos (Figura 2). Como agravante, há poucas informações técnicas e científicas na literatura, uma vez que o uso agrícola destes solos ocorre em região de fronteira agrícola, de ocupação recente e em franca expansão. Por não haver recomendações oficiais para o manejo destes solos, os produtores rurais adotam procedimentos baseados na tentativa e erro. Por esta razão, a Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com instituições de pesquisa do estado do Tocantins, com apoio da FAPT, desenvolve projetos de pesquisa para fomentar recomendações de manejo sustentável de Plintossolos Pétricos.
As características edáficas dos Plintossolos Pétricos que afetam de modo mais agudo o manejo da agricultura produtora de grãos relacionam-se com: (i) a presença de camada de impedimento “laje” no perfil do solo; (ii) a presença de cascalho em superfície; (iii) a proporção de cascalho e terra fina na camada de exploração radicular da cultura; (iv) o tamanho dos fragmentos de cascalho na camada de trabalho mecânico do solo e (v) a granulometria da terra fina (% de argila). Estas características edáficas citadas, de forma isolada ou combinada, impactam diversas ações de manejo, quais sejam: (a) a abertura de área, a catação de pedras e o preparo do terreno para agricultura; (b) o preparo de solo para incorporação profunda de calcário e correção da acidez em profundidade; (c) a retenção de água no solo e o suprimento hídrico para os cultivos ou, por outro lado, ocorrência de alagamentos; (d) o manejo da fertilidade do solo e (e) o contato solo-semente, que afeta a germinação e o estabelecimento de plântulas.
A catação de pedras eleva os custos de preparo inicial nessas áreas, mas, com o uso de um manejo direcionado à superação das dificuldades impostas pelo cascalho, é possível alcançar bons índices de produtividade. Dentre as ações de manejo para solos com cascalho, destacam-se a incorporação profunda de calcário, o monitoramento do status nutricional por meio da diagnose foliar das plantas cultivadas, a adubação coerente com o potencial produtivo de cada condição de Plintossolo Pétrico, o uso de sistemas agrícolas com aporte de biomassa para proteção do solo e uso de ferramentas de agricultura de precisão para mapeamento da variação da quantidade de cascalho e a aplicação de insumos a uma taxa variável.
Mediante emprego de tais tecnologias fomentadas por pesquisas desenvolvidas para o manejo sustentável de Plintossolos Pétricos, é possível estabelecer um sistema de produção de soja acoplado ao cultivo de milho safrinha, com menor risco, altas produtividades e rentabilidade.
Rodrigo Estevam Munhoz de Almeida; Taís Souza dos Santos Dias; Alexandre Uhlmann; Michele Ribeiro Ramos; Balbino Antônio Evangelista; Rodrigo Veras da Costa; Jones Simon; Pablo Vidal-Torrado
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins – FAPT
ascom.fapt@secom.to.gov.br
REFERÊNCIAS
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Safra Brasileira de Grãos. Disponível
em: < https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos >. Acesso em: maio, 2022.
IBGE. BDiA – Banco de Informações Ambientais. Banco de dados cartográficos – Pedologia.
Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: < https://www.bdiaweb.ibge.gov.br/ >. Acesso
em: 15 mai, 2022.
SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T; ANJOS, L. H. C. dos; OLIVEIRA, V. A. de;
LUMBRERAS, J. F; COELHO, M. R.; ALMEIDA, J. A. de; ARAUJO FILHO, J. C. de;
OLIVEIRA, J. B.; CUNHA, T. J. F. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5. ed., rev.
ampl. Brasília, DF: Embrapa, 2018. 356 p.