Você sabia que existem mais de 250 causas descritas de demências?
A Demência de Alzheimer responde por 50% a 70% de todos os casos de demência. Muitos pesquisadores acreditam que o Alzheimer seja causado pelo acúmulo de placas de proteína no cérebro. Tais placas interferem com a comunicação entre os neurônios, causando a sua morte – levando a perda de memória, alterações no julgamento e outras modificações comportamentais características do Alzheimer. Pode evoluir com perda de memória, alteração da linguagem, agitação, agressividade e depressão.
É uma doença evolutiva/progressiva. É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos.
Os sintomas geralmente ocorrem após os 65 anos de idade, mas frequentemente, os tipos da doença de Alzheimer que ocorrem em famílias aparecem mais cedo.
E a prevalência aumenta com a idade. Certamente quando Alois Alzheimer (1864-1915) relatou pela primeira vez aquela que chamava de ‘estranha doença do córtex cerebral’, não imaginava que a patologia, posteriormente batizada com seu nome, se tornaria um dos problemas mais prementes do século 21. O número de pessoas com demência vai triplicar até o ano de 2050. Atualmente há cerca de 47 milhões de casos de demência registrados, metade dos quais também foram diagnosticados como Demência de Alzheimer. Previsões indicam que em 2050 esse número terá subido para 132 milhões de pessoas com demência. O motivo é o envelhecimento populacional associado a procura maior a assistência médica e ao estilo de vida não tão saudável.
A identificação da doença de Alzheimer se apoia, em grande parte na interpretação de sinais e sintomas que nem sempre são suficientes para determinar um diagnóstico. Ela é mal diagnosticada no Brasil, porque aqui se tem a concepção equivocada, tanto da população quanto de profissionais da saúde, sobre o que é a memória do idoso. Numa pessoa de 100 anos, a memória é mais lenta, mas não é o mesmo que não ter, que é o que acontece com quem tem Alzheimer. Na consulta, o médico deve ouvir um familiar ou acompanhante para levantar, por exemplo, se antes o paciente era capaz de organizar as contas pessoais e hoje já se atrapalha para realizar essa tarefa, se esquece de tomar remédio, se deixa o fogo acesso ou se tem dificuldade de se orientar quando está fora de casa. Fingir saber a resposta certa ou responder de forma enganosa são comportamentos geralmente observados em pacientes com demência. Quando o paciente se perde nas próprias memórias, é hora de tomar as primeiras providências!
Como não existe um exame diagnóstico exato, mais da metade do levantamento tem de ser feito com base no histórico do paciente. Os outros 50% acontecem por meio de testes neuropsicológicos, exame físico, exames de imagem e de laboratório que irão detectar, por exemplo, distúrbios da tireóide, deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico, entre outras alterações – que podem interferir na memória. Tristeza também pode alterar a memória!
Doença dura em torno de 10 a 15 anos.
Sabemos que a evolução da doença é diferente em cada pessoa, porque depende de múltiplas variantes: individualização, comorbidades prévias, nível educacional, apoio familiar, idade de início da doença ou do início do tratamento.
Não existe cura. O tratamento evita o rápido declínio da memória e da funcionalidade da pessoa.
Para o quadro demencial existem 3 grupos de medicações que tentam diminuir a velocidade da evolução da doença. Infelizmente no momento, não existe cura, mas se postergarmos o aparecimento das fases moderada e severa, pode ser que possamos utilizar algum tratamento promissor no futuro, quando este surgir – dai já teríamos um grande ganho se o início da doença pudesse ser adiado por 5 ou 10 anos.
Como atualmente não existe nenhum tratamento que impeça a evolução ou previna o declínio cognitivo na doença de Alzheimer em caso assintomático. Desse modo, o diagnostico pré-clínico hoje não está indicado, exceto em ambientes de pesquisa. O diagnóstico nessa fase pode levar a quadro depressivo, além de se correr o risco de realizar um diagnóstico falso-positivo.
Alzheimer pode estar mais próximo do que você imagina!
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ETIENE RIBEIRO DE ALMEIDA
É médica titulada especialista em Clínica Médica pela UNIFESP/SBCM; e em Geriatria pela UNIFESP/SBGG
CRM 2572/RQE 1125
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