Uma pesquisa de março da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o crescimento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) atesta a subnotificação de casos de Covid-19 em Palmas. Pelo menos é o que defende Estevam Rivello, membro tocantinense do Conselho Federal de Medicina (CFM), e crítico das propostas de reabertura do comércio que começam a ser implantadas nesta segunda-feira, 8, na Capital e também em Araguaína.
Explosão de SRAG
SRAG é como são classificadas as doenças como a Influenza A, B, vírus sincicial respiratório e agora o coronavírus. Estevam Rivello explica que este grupo de patologias costuma ter sempre um “padrão de aparecimento anual semelhante”, ou seja, sem diferenças nos números de ano a ano. Este cenário mudou com o advento da Covid-19. Conforme dados levantados até 2 de maio, o Brasil teve 57.017 notificações da síndrome, mas apenas 16.260 tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus, 82,7% deles sendo Covid-19. Ainda houve 19.424 resultados negativos, e ao menos 16.839 aguardavam resultado na época.
Pesquisa comprova subnotificação em Palmas
Com este números, Estevam Rivello reforça que a “explosão de SRAG” em todo País foi patrocinada pela Covid-19, mas que mesmo assim o real impacto ainda não pode ser mensurado. O médico cita números de Palmas para ilustrar mais especificamente este cenário. “Quando Palmas tem 7 mortes atribuídas SRAG para cada uma confirmada de coronavírus, demonstra que de fato nós subnotificamos o coronavírus. O mundo está mostrando que a explosão não é por outra patologia. A gente tem a comprovação exata que Palmas está subnotificada por estes dados”, emenda.
Testes
O membro do CFM pondera que o período levantado pela pesquisa – janeiro a março – coincide com a época de falta de testes na Capital. “Estas pessoas não foram contabilizadas e podem existir pessoas que faleceram e não foram testadas”, lamenta. Estevam Rivello ainda sugere que outros situações também podem ter contribuído para esta subnotificação. “A gente pode falar também da qualidade do teste que foi oportunizado. Foi feito, mas talvez no período inadequado ou pelo fato qualidade dele não ser tão boa e não conseguiu chegar no diagnóstico de coronavírus”, acrescenta.
Reabertura não deveria estar acontecendo
Estevam Rivello reforçou as críticas frente ao plano de descontingenciamento anunciado pela Prefeitura de Palmas. “Nenhum local do mundo liberou comércio, qualquer atividade da economia, em vigência do pico de crescimento [da Covid-19]. Estando nós em vigência de crescimento, subnotificado de forma comprovada e confirmada pela própria secretaria, a situação de abertura de comércio neste momento ou de alguns setores da economia se torna extremamente temerária. Não é o melhor momento. Não deveria estar acontecendo”, comenta.
Irresponsabilidade
O médico membro do CFM voltou a defender o isolamento social como “único mecanismo para reduzir casos e diminuir óbitos”. “A meu ver é irresponsabilidade daqueles que orientam a reabertura, porque não temos plano B para assistência de saúde. Nossos leitos são limitados, 92% da nossa população depende do SUS e os nossos profissionais também são limitados. É complexo querer neste momento – de uma forma simplista – liberar o comércio e depois não se responsabilizar por esta atitude, que talvez seja a mais irresponsável”, encerra.
Entre as capitais, Palmas tem 6ª maior diferença entre mortes por SRAG e Covid-19:
Casos podiam ser Covid-19: