Tempos atrás, acessando o site, da minha terra natal, Dianópolis (To/Go), tive a grata satisfação de encontrar dados raros e preciosíssimos sobre nossa história, complementados com muitas fotos, dentre elas algumas do nosso querido e inesquecível Ginásio João D’Abreu, fonte primeira do saber de muitos filhos de incontáveis gerações de nossa terra natal.
Retornei no tempo e pude passear pelas minhas ilusões e sonhos naquela época acalentados. Revivi os meus desejos, amores passageiros e paixões por tudo que ali eu pude viver e sentir.
[bs-quote quote=”Revivi os momentos de ensaios para apresentação na Semana da Pátria. Época em que tínhamos o respeito, na devida dimensão, para com os símbolos da Pátria. Ouvíamos o Hino Nacional com a convicção de que estávamos sendo chamados a amar cada vez mais o nosso País e nossa terra” style=”default” align=”right” author_name=”JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA” author_job=”É poeta, escritor e advogado” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/03/JoseCandido-PovoaNova60.png”][/bs-quote]
Relembrei-me dos trabalhos nas peças teatrais, quando por muitas vezes figurei como ator em grandes elencos coordenados pela saudosa Madre Stela. Deixei meu coração navegar, viver, morrer e ressuscitar, a exemplo dos papéis que exerci naquelas encenações, quando, literalmente os incorporava como se verdadeiros fossem.
Recordei-me da Madre Aranzazu, para os alunos mais antigos, e para os mais recentes, conhecida como Irmã Amparo, com sua disciplina rígida cobrando de nós adolescentes, atitudes de adultos. Ela cumpria sua missão de nos formar para a vida.
Revivi as provas de português aplicadas pelo nosso intelectual professor e amigo Padre Magalhães, que além do seu vasto conhecimento sobre as matérias que lecionava, nos ensinou apreciar e gostar de músicas clássicas e da boa literatura. Transmitia confiança a todos enquanto tentávamos resolver as questões das provas, muito difíceis sempre, ouvíamos músicas através de um toca-discos portátil colocado sobre a mesa do mestre. Esse mesmo mestre que após transcrever as questões no quadro negro, retirava-se da sala e só retornava ao final do horário concedido para a resolução das questões e apenas para recolher as provas. E pasmem, ninguém ousava sequer consultar o colega ao lado ou o mais próximo, ou exercer a famosa “cola”.
Como esquecer-me do Professor Osvaldo Póvoa, que depois da conclusão do curso superior no Rio de Janeiro, ainda jovem retornou e dedicou toda sua vida à nossa terra e nos ensinou a todos, desbravar e desvendar o mundo da matemática e do inglês?
Revivi os momentos de ensaios para apresentação na Semana da Pátria. Época em que tínhamos o respeito, na devida dimensão, para com os símbolos da Pátria. Ouvíamos o Hino Nacional com a convicção de que estávamos sendo chamados a amar cada vez mais o nosso País e nossa terra.
Voltei às brincadeiras do recreio na área coberta. Revivi os flertes e namoros passageiros com as alunas de várias cidades que ali estudavam em regime de internato.
Revi meus amigos de infância, em especial Toni Póvoa, e de adolescência, José Alencar e José Bonfim, quando juntos, ao criarmos o conjunto musical denominado “Ember boys”, por muitos denominados de trio ABC (Alencar, Bonfim e Cândido), desafiávamos os preconceitos e costumes dos anos 60, implementando atos e fatos novos, corroborados com a chegada das músicas dos Beatles e da Jovem Guarda e que mudaram em definitivo a história da juventude da nossa terra, a exemplo do que ocorreu na época no Brasil afora.
Que estivemos na linha de frente dessa mudança radical de costumes juntamente com outros jovens da nossa terra, isso é fato.
O grande pátio, as filas formadas, diariamente, por ordem da série que cursávamos, quando e onde um dia assisti estarrecido, pela primeira e única vez na história da cidade e daquela unidade de ensino, a expulsão de um colega, injustiçado pela incompreensão de alguns adultos. Um fato que me marcou para sempre.
E como esquecer-me do mês de maio de os todos os anos, quando prestávamos todos homenagens que pà Maria, mãe de Jesus, cada um depositando aos pés da imagem flores silvestres ou caseiras, acompanhadas pelos belos e inesquecíveis hinos religiosos?
Revi os muitos colegas que se tornavam, a cada dia, membros da nossa própria família, pois além da convivência nas salas de aulas, a própria cidade pela sua pequena dimensão geográfica, encarregava-se de fazer com que nos encontrássemos em todos momentos e em cada esquina.
Meu reconhecimento ao primo e amigo Antônio Costa Aires (Toinho de Zeca Póvoa), pela criação e edição desse interessante site, que em mais um lance de inteligência, conseguiu sem dizer uma palavra, mas apenas através de imagens e fatos históricos, mostrar que podemos resgatar e despertar em nossos corações uma das fases mais agradáveis das nossas vidas.
O Ginásio João D’Abreu tornou-se uma espécie de castelo indevassável e indestrutível no tempo, protegido pelas muralhas da cultura e saber e que permitia acesso integral apenas àqueles que quisessem aproveitar dos conhecimentos que seus incomparáveis e dedicados mestres ensinaram e que estão intrinsicamente guardados entre suas paredes.
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
Poeta, escritor e advogado. Membro fundador da Academia de Letras de Dianópolis (GO/TO)
jc.povoa@uol.com.br