O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) foi afastado por seis meses do comando do Poder Executivo na manhã desta quarta-feira, 3, em nova fase da Operação Fames-19, que investiga desvio de recursos públicos destinados ao fornecimento de cestas básicas durante a pandemia de Covid. A primeira-dama Karynne Sotero também deixou a Secretaria de Participações Sociais. Confirmada a determinação pelo Plenário do Superior Tribunal de Justiça, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) será alçado ao Palácio Araguaia.
MANDADOS NO PALÁCIO E ALETO
Além das medidas cautelares como afastamento, a Polícia Federal informa que mais de 200 agentes cumprem 51 mandados de busca e apreensão, com o objetivo de reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos.
PREJUÍZO DE R$ 73 MILHÕES
Ao contrário da 1ª fase, a Polícia Federal agora projetou o dano. A corporação afirma que foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para fornecimento de cestas básicas e frangos congelados, com prejuízo estimado superior a R$ 73 milhões aos cofres públicos. Os valores desviados teriam sido ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
ENTENDA
As investigações, que tramitam sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça, apontam fortes indícios de um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, período em que os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
1ª FASE
A 1ª fase da Fames-19 – deflagrada em agosto de 2024 – ficou marcada por atingir o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que teve a residência alvo de mandado, assim como a dos filhos Léo Barbosa (Republicanos), deputado federal; e Rerisson Castro, superintendente do Sebrae. Na época, o gestor se disse surpreso com a operação e alegou “tranquilidade” porque “não era ordenador de nenhuma despesa”, além de sugerir envolvimento de adversários na ação policial. Na época, ampla parte da classe política saiu em defesa do republicano por temer impactos de um possível afastamento – hoje confirmado – no desenvolvimento do Tocantins. A tese foi defendida pelo senador Eduardo Gomes (PL), pelo deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos) e até entidades da Polícia Civil e Militar.
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