A violência contra as mulheres indígenas foi pauta de uma reunião sobre a Operação Shamar nesta sexta-feira, 11, em Palmas, entre a Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/TO), Polícia Militar (PMTO) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Na ocasião, foram definidas as etnias com que a operação será realizada. “Foi um momento estratégico entre órgãos que estão unidos para realizar a prevenção educativa com a comunidade indígena. Já foram definidas as etnias Xerente, Krahô e Karajá, que são as maiores populações”, explicou o diretor de Proteção aos Povos Indígenas, Paulo Waikarnãse Xerente, representante da Sepot na reunião.
A Operação Shamar ocorre no período de 21 de agosto a 15 de setembro, com o objetivo de combater as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, principalmente o crime de feminicídio. A iniciativa é do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), com atuação integrada entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
“É uma operação de viés preventivo, também de policiamento ostensivo, repressivo e investigativo no combate e na erradicação da violência doméstica e familiar. A operação também vai se estender ao público das mulheres indígenas’’, informou o diretor do Sistema Integrado de Operações (Siop) da SSP, Anderson George de Lima Casé.
Projeto em andamento
Um dos primeiros projetos estabelecidos pela Sepot foi a Rede de Acesso à Justiça dos Povos Tradicionais e Originários do Tocantins (Rejusto), em fase de assinatura de Termos de Cooperação Técnica, contemplando a oferta de curso de defensores populares e mediadores indígenas e quilombolas.
“Nós, povos originários, que temos uma cultura específica e estamos em lugares de difícil acesso, temos o direito garantido na Constituição de políticas públicas específicas que atendam a nossa realidade e a nossa cultura. Nós precisamos muito de uma força-tarefa, de uma rede de proteção e segurança à mulher indígena. Estamos buscando uma articulação conjunta para reversão do histórico de violência contra a mulher indígena no Tocantins”, afirmou a secretária dos Povos Originários e Tradicionais, Narubia Silva Werreria, em reunião nessa quarta-feira, 9, na SSP, entre instituições convidadas para a Operação Shamar.
Não é cultural
“Não vamos só abordar a informação, mas identificar as causas dessas ações criminosas dentro das comunidades indígenas, porque sabemos que não é a cultura. E trabalhar para resolver o problema, porque a tendência é aumentar. Vamos falar das consequências e, ao mesmo tempo, conscientizar as gerações futuras que isso não é cultura e de que não é positivo para o povo”, esclareceu o coordenador da Funai Araguaia Tocantins, Pedro Paulo Gomes Xerente. (Da assessoria de imprensa)