A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial definida por níveis de pressão arterial elevados e mantidos. A medida correta da pressão arterial supervisionada pelo médico é fundamental, com aparelhos calibrados, validados, estando o paciente em condições ideais. A Diretriz Brasileira define como HAS, uma pressão arterial ≥ 140 e/ou 90 mmHg e mantida. Existem aumentos fisiológicos, como resposta ao exercício por exemplo, que imediatamente após a sua interrupção, devem retornar aos parâmetros normais.
São mais de 32 milhões de brasileiros portadores de HAS. Importante problema de saúde pública. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg.
Em nosso país, as DCV têm sido a principal causa de morte nos últimos anos, e as estratégias para detecção da HAS, de controle e de prevenção são fundamentais para a redução de mortes cardiovasculares.
Risco silencioso, mas modificável
Diferente da idade (envelhecimento) e da genética (hereditariedade), a hipertensão arterial é um fator modificável. O maior aliado da HAS é o seu caráter silencioso na maioria dos casos. O indivíduo muito comumente convive facilmente com pressões elevadas, pois seu cérebro se condiciona por esses níveis pressóricos aumentados. O tratamento pode em muitas das vezes apresentar uma manifestação clínica compatível com hipotensão, como tonteira, fraqueza e sonolência. O paciente interrompe o tratamento por entender que a medicação está lhe causando um “mal”. Essa manifestação é uma das principais causas de baixa aderência terapêutica.
Inquéritos populacionais em cidades brasileiras nos últimos 20 anos apontaram uma prevalência de HAS acima de 30%, com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acimade 70 anos, com proporção semelhante entre homens e mulheres.
Fundamentais: Tratamento e controle
A importância de conhecer e controlar, se deve as complicações em órgãos vitais como coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos. É um grande fator de risco para o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral, que possuem elevada morbi-mortalidade.
A HAS não tratada resulta na ocorrência de acidente vascular (derrame cerebral), doença coronária (angina e infarto), cardiomiopatia (doença do músculo cardíaco), retinopatia (podendo resultar em cegueira) e doença renal terminal (número elevado de pacientes com necessidade de diálise).
Estudos clínicos demonstraram que a detecção, o tratamento e o controle da HAS são fundamentais para a redução dos eventos cardiovasculares.
No Brasil, estudos populacionais realizados nos últimos 15 anos (PA < 140/90 mmHg) revelaram baixos níveis de controle da PA (19,6%). Fundamental atingir metas de tratamento e controle. É uma doença grave mas que tem tratamento eficaz.
O excesso de peso, a ingestão excessiva de sódio (sal), o sedentarismo, o estresse emocional e a ingestão excessiva de álcool são fatores associados a maior ocorrência de hipertensão arterial, à maior gravidade e a menor possibilidade de controle adequado.
A prevenção
Mudanças no estilo de vida são recomendadas como prevenção primária da HAS. Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados desde a infância e adolescência.
As principais recomendações não-medicamentosas para prevenção primária da HAS são: alimentação saudável, consumo controlado de sódio e álcool, ingestão de potássio, combate ao sedentarismo e ao tabagismo.
Uma vez detectada a hipertensão arterial, o paciente deve fazer seguimento médico regular, com o objetivo de adequar o tratamento, visando a redução das complicações cardiovasculares e renais que muitas vezes são fatais.
Dr. Marcello Sena
Diretor Técnico do Cardioplaza
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
Especialista em Cardiologia pela SBC
Mestre em Cardiologia pela UFRJ