O vigilante Eneildis Sousa, 54 anos, sentiu dores no corpo há cinco meses, o que pode ser sintoma da Covid-19, mas não procurou atendimento para identificar ou descartar a doença. São casos como esse que a pesquisa realizada pela Prefeitura de Araguaína e Universidade Federal do Tocantins (UFT) pretende analisar para descobrir o nível real de infecção. A testagem foi iniciada nesta segunda-feira, 8, em um estande do Parque de Exposições, e vai até sexta-feira, 12.
“Eu considero que tive sintomas leves, mas acredito que minha mulher teve graves, teve falta de ar. Não fomos ao hospital porque foi bem na época atordoada, quando minha cunhada morreu de Covid-19, em Imperatriz”, contou Sousa após ter amostras coletadas para pesquisa. Ainda relatou que sem o diagnóstico tanto ele quanto a esposa usou chás para tratamento e não um medicamento.
Sousa é umas das 600 pessoas convidadas por agentes de endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), na semana passada, para serem voluntários. A pesquisa é realizada com parceria também da Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara), Sindicato Rural de Araguaína (SRA) e o Ministério Público do Trabalho, que direcionou os recursos para a aquisição dos testes.
“Nós estamos levando em consideração os casos de pessoas assintomáticas, além da população com sintomas leves, que não chegaram a procurar as unidades de referência e não entraram para as estatísticas”, explicou a secretária municipal da Saúde, Ana Paula Abadia. Os voluntários que testarem positivos serão notificados pela Vigilância Epidemiológica dentro de 15 dias.
Projeto inédito
Os voluntários foram selecionados por meio de sorteio em todos os bairros da cidade e serão testados até sexta-feira, 12. “Nós dividimos o público por agendamento, com intenção de não gerar aglomeração. Criamos um fluxo em que as pessoas não têm contato entre si e estimamos atender 20 por hora”, explicou o professor da UFT e coordenador da pesquisa, José Carlos Ribeiro Júnior.
O projeto inédito precisa de pelo menos 536 testes e segue um modelo matemático com amostragem superior à quantidade mínima necessária para uma cidade com 180 mil habitantes. Esse é diferente do que foi realizado pelo Ibope e coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que obteve 200 amostras em Araguaína para ter um parâmetro nacional, mas não atendeu a nível local.
O método ainda divide Araguaína em cinco regiões e aplica mais testes em áreas que houver mais moradores por metro quadrado. O voluntário precisa ser maior de 18 anos e não ter diagnóstico de covid-19. O nível de confiança do estudo é de 95%.
Os exames
A pesquisa usará dois testes diferentes, o Elisa, que usa amostra de sangue para reações antígeno-anticorpo detectáveis, e RT-PCR, usa uma coleta de mucosa por swab.
“Nós realizaremos a pesquisa por etapas. Serão cinco dias para coleta das amostras, mais cinco dias para extração do RNA do vírus e outros cinco dias para realizar o teste PCR, que utiliza reagentes para identificar a covid-19”, detalhou o professor. (Da assessoria de imprensa)