Em tudo que foi criado, dos bilhões de planetas, das milhões de galáxias já catalogadas pelos cientistas, do imensurável universo ainda desconhecido como um todo, ao mundo da terceira dimensão no qual vivemos, existe uma lógica. Nada existe sem uma conexão de causa e efeito, ação e reação, atração e repulsão em tudo que é palpável e mesmo no que não podemos ver como nos átomos, moléculas, etc, sendo, agora, um pouco mais revelados e detalhados pela física quântica.
Diante dessas premissas, impossível não entender que com energia que denominamos de vida não é diferente, existe uma lógica que nos aponta para a sua continuidade após nossa passagem por este planeta Terra, que acompanhada de outros planetas, estão todos todos sujeitos à lógica da rotação e translação, tendo como centro um sol, cujo conjunto formam o sistema solar, situado na periferia de uma imensa galáxia denominada Via Láctea.
Há poucos dias relendo um livro de autoria do Padre Lauro Trevisan, que adquiri há umas quatro décadas, depois de muita busca e leituras, posso afirmar que agora já bem mais conhecedor da lógica que a espiritualidade nos ensina, constato e posso afirmar que a ciência a cada dia e a cada passo de progresso nas pesquisas e descobertas, confirma a cada dia o que está prescrito há séculos ou quiçá milhares de anos pelas esferas que estão acima da nossa limitada terceira dimensão e, diante disso, relendo o autor acima citado, consigo vislumbrar a lógica no que foi por ele escrito e que vem ao encontro do que afirmo acima e, essencialmente hoje que me vejo um pouco mais preparado para entender a lógica da vida espiritual.
Trago, portanto, aqui ao prezado leitor, com algumas pequenas inserções e convicções minhas este artigo, que devido ao seu longo texto, o faço em três etapas.
“Era uma criança linda e cheia de vida, muito amada, que se desenvolvia no útero da mãe. Vivia feliz naquele pequeno mundo. Recebia o alimento nutritivo de que necessitava e tinha toda proteção para levar uma vida segura e despreocupada. Seu ninho era todo feito de ternura. Sentia-se como um beija-flor. No aconchego de sua morada abençoada, estava resguardada de qualquer sobressalto o sofrimento. Os dias se sucediam e a felicidade aumentava… Até que um dia ouviu uma voz que lhe disse: – Filha, chegou a hora de deixar esse lugarzinho!!
– Não, não, respondeu a criança. Eu não quero sair daqui. Estou tão bem neste bercinho. Aqui é meu paraíso. Quero ficar sempre aqui, neste pequeno lindo mundo.
– Mas você precisa sair – insistiu a voz – Se você não deixar esse lugarzinho, não poderá nascer.
– Por favor, deixe-me aqui. Como aqui é gostoso! Sinto-me tão amada, tão protegida!
– Dou-lhe minha palavra que, ao sair desse refúgio, você irá para outro idêntico ou até melhor, onde será amada, acariciada e compreendida por muito mais pessoas e será muito feliz.
– Não consigo acreditar que exista um mundo melhor do que este – disse a criança.
– Existe – afirmou a voz – você precisa nascer. Tudo vai ser tão lindo do lado de lá!
– Ah, meu Deus! – exclamou a criança. – Estou com medo. Por que tem que ser assim?
A voz procurou animá-la: – Coragem! Mas a criança não se conformava.
– Trocar este mundo tão especial e maravilhoso por outro que não conheço e que nem sei se existe realmente…
– Garanto-lhe que existe e você será recebida com muitos sorrisos e muita alegria.
A criança não escondia sua angústia: – Mas eu não tenho certeza disso. Nada me prova a verdade de suas palavras.
– Confie. Eu amo você e preparei-lhe um lugar tão bom e você vai me agradecer muito.
– É tão difícil acreditar… Tenho medo de sair desta casa tão feliz em que vivo.
– Venha – chamou-lhe a voz. A criança não cedia. – E isso que você chama nascer significa o fim? Não, não quero nascer!
– Chegou a hora – disse a voz, com amor, mas com firmeza irreversível.
A criança teve que nascer. E no momento que dava o grande salto para o novo mundo, desconhecido e estranho, foi acolhida por dois braços carinhosos. Olhou para cima e viu um rosto iluminado de amor, derramando sobre ela o mais terno sorriso de emoção.
(Continuará, oportunamente, no texto II)
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com