A primeira vez que ouvi falar da Moringa (moringa oleifera) foi uma recomendação para uso de sua semente para purificação de água para bebida das cisternas, pelos produtores da comunidade do Grotão, em um dos muitos papos nestes últimos anos, como pesquisadora e moradora em Araguaína – TO.
A moringa é uma planta nativa do Himalaia, na Índia, Paquistão e Afeganistão, de onde se espalhou por todo o mundo, chegando à América no início do século XIX e pode ser encontrada do México até a Argentina. No Brasil temos relatos do uso desta planta desde 1950, aqui pertinho no Maranhão, conforme cita AMAYA et al. (1992).
É uma planta arbórea, que pode atingir até 12 metros de altura, de fácil cultivo, se desenvolvendo bem também em terrenos mais secos, onde mantem suas folhas o ano todo, rica fonte de proteína e minerais, com composição variando com a capacidade do solo onde é cultivada.
Além da qualidade nutricional, a moringa também apresenta qualidade farmacológicas que vem sendo estudadas por muitos pesquisadores. As diferentes partes da moringa são boas fontes de compostos como alcaloides, flavonoides, fenóis, carotenoides, esteróis. Estes fito nutrientes são vistos como responsáveis pelas propriedades curativas da moringa como efeitos benéficos antioxidante, antitumoral e anti-inflamatório.
Recentemente a moringa voltou ao cenário local como possível fonte proteica para alimentação animal, o que motivou este presente trabalho de pesquisa junto a cadeia avícola na UFNT e aprovação do projeto junto a FAPT, visando determinar a qualidade nutritiva das folhas da moringa para frangos de crescimento lento e os primeiros resultados mostraram que a moringa cultivada no Tocantins, apresenta folhas com 18,20% de PB e cerca de 2159 kcal/kg de Energia metabolizável que pode ser aproveitada pelas aves.
Em rápida revisão podemos encontrar trabalhos testando o farelo de folha da moringa como aditivo nutricional e antimicrobiano, levando à diminuição de uso de promotores de crescimento ou antibióticos nas dietas de aves. É necessário um cuidado especial, pois quando adicionamos mais de 10% de farinha de folhas à ração de frangos, pode ocorrer uma alteração considerável no consumo pelas aves, pois parece ter um fator adstringente regulando o consumo das mesmas.
Alguns fatores produtivos também devem ser elucidados por novas pesquisas no que tange a produção de folhas e sementes de moringa em volume suficiente para viabilizar o desenvolvimento de um produto que possa vir a ser disponibilizado comercialmente aos produtores, recomendações para plantio, crescimento e manejo florestal das plantas de moringa, adubação adequada de plantio e manutenção da planta, além do manejo ideal de desbastes e retiradas das folhas ao longo do ano.
Maiores estudos ainda são necessários para definição do nível de inclusão destas folhas nas dietas para as diferentes categorias de aves e na área de nutrição de ruminantes e outros não ruminantes, se tornando uma interessante linha de pesquisa unindo conhecimentos integrados das áreas de Zootecnia, Medicina Veterinária e Zootecnia.
Dra. KÊNIA FERREIRA RODRIGUES
É docente da Universidade Federal do Norte do Tocantins (Araguaína – TO)
Dr. JOSÉ VIRGÍLIO AGUILAR VÁSQUEZ
É docente da Universidade Nacional Autônoma do Alto Amazonas (Yurimaguas – Peru)
Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Tocantins (FAPT)