O Brasil está entre os países com maiores índices de obesidade no mundo e as crianças são parte da população afetada pelo problema. De acordo com o Atlas da Obesidade 2022, até 2030, cerca de 23% das crianças de 5 a 9 anos e de 18% dos adolescentes de 10 a 19 anos serão obesos no país. Como a previsão não é boa, a obesidade infantil se tornou um problema de saúde pública, que precisa ser trabalhado pelas famílias, pela sociedade como um todo e também nas escolas.
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que 84% dos brasileiros entre 11 e 17 anos não realiza atividade física suficiente. Associado a isso, a maioria das crianças tem maus hábitos alimentares. De acordo com um levantamento de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 80% das crianças brasileiras de até 5 anos já consomem alimentos ultraprocessados, como biscoitos, farinha de trigo e refrigerantes com frequência. Juntos, o sedentarismo e a má alimentação, são as principais causas da obesidade.
Segundo o médico cardiologista, Dr. Henrique Furtado, a obesidade pode trazer uma série de consequências para os pequenos. “Viver a infância de forma não saudável vai afetar toda a vida da pessoa. Os estudos científicos apontam que as crianças obesas têm mais chances de se tornarem adultos obesos, que provavelmente vão desenvolver doenças como diabetes, depressão, ansiedade, problemas ortopédicos e principalmente doenças cardiovasculares e pressão alta. Esses últimos são os maiores fatores de risco do infarto e do acidente vascular cerebral (AVC), que podem acabar levando até a morte”, alerta o médico.
Como as crianças passam boa parte do dia e, às vezes, até o dia todo nas escolas, a mudança de hábitos precisa acontecer também nesse ambiente, afinal, nesses espaços elas constroem conhecimentos que vão carregar para sempre. Em Palmas, o Centro Educacional São Francisco de Assis (CESFA) tem buscado contribuir positivamente para a vida saudável dos alunos, começando pela alimentação. “Nós criamos o momento da fruta. Diariamente, as crianças trazem frutas e nós usamos esses alimentos no processo de aprendizado sobre os nutrientes e até para ensinar sobre formas geométricas, por exemplo. Assim estimulamos, de modo muito natural, que elas consumam frutas”, explica a professora Flávia Carneiro.
Outro pilar da instituição é o incentivo a prática de atividade física. Além das aulas que já fazem parte da grade curricular dos alunos, prevista pelo Ministério da Educação, eles oferecem vôlei, futsal, balé e judô no contraturno escolar. Mesmo assim, o professor de Educação Física, Tomás Aldazabal, conta que é um desafio fazer as crianças se exercitarem. “Depois da pandemia, elas passaram a ter mais dificuldade, preferem o celular e, para mudar isso, há toda uma estratégia. Eu tenho apostado em atividades coletivas porque elas gostam mais e acabam praticando com mais vontade”, explica o professor. Segundo ele, vale tudo para não deixar as crianças vidradas no celular o dia todo. (Da assessoria de imprensa)