Após o governo estadual atualizar as recomendações para o combate à Covid-19 por meio do Decreto 6.230 de 2021, o representante tocantinense no Conselho Federal de Medicina (CFM), Estevam Rivello, voltou a cobrar a participação dos profissionais da saúde nos debates sobre a pandemia. Conforme o médico, as novas medidas foram adotadas sem qualquer diálogo com entidades representantes das categorias que estão na linha de frente da crise epidemiológica. “Muito me estranha esta exclusão. Quais são os motivos que levam?”, questiona.
Entidades de saúde constituídas não podem ser excluídas
Estevam Rivello disse que “vê com bons olhos” a ampliação do debate para as demais categorias, mas não entende a decisão do Palácio Araguaia de ignorar médicos, enfermeiros e técnicos. “Acho importante que o governo do Estado, as prefeituras, tenham que ampliar este debate para todas as esferas, seja administrativa, empresarial, de representação sindical, da defesa dos direitos da Lei, da Justiça; mas também não pode ser excluído deste momento de crise sanitária, de problema de saúde pública, as entidades de saúde constituídas”, disse à Coluna do CT, sem isentar os municípios da prática.
Erros vão acontecer
O conselheiro federal de Medicina questiona esta política do governo estadual e não projeta bons resultados de medidas adotadas sem diálogo com a categoria. “Carece que os profissionais de saúde sejam ouvidos. Acho um contrassenso muito grande a exclusão destas representações dos profissionais de saúde, porque somos nós que estamos na ponta e estamos enxergando com clareza solar a realidade que a gente está vivenciando. Com esta exclusão, sem sombra de dúvidas, […] a gente pode incorrer em erros. […] Não há como querer fazer algo sem que nos ouçam. Acho que erros vão acontecer”, reforçou.
Mesmo quantidade de recursos em uma situação totalmente dramática
Estevam Rivello aproveitou para elencar alguns equívocos por parte da administração em relação à pandemia, a primeira delas sendo a baixa aplicação de recursos. “No Tocantins, nós não tivemos, em um ano de pandemia, aumento no investimento na área da saúde. Pelo contrário, não tivemos implemento nenhum. Foi o mesmo recurso ao mesmo quantitativo, mas para uma situação totalmente gravosa e dramática. Mesmo que se tenha deslocado recurso de outras pastas, os recursos garantidos para a saúde foram os mesmos se comparados a 2018 e 2019. Não houve aumento”, defendeu.
Vacinação poderia estar melhor
O médico também questionou o andamento da imunização da população contra a Covid-19. Estevam Rivello relatou à Coluna do CT que, após fiscalizar algumas cidades, percebeu que algumas – com população pequena – já encerraram a vacinação dos grupos prioritários, mas não podem dar continuidade ao processo mesmo tendo doses em estoque. “Às vezes o município do interior já vacinou e não pode regredir a vacina para [pessoas com] 84, 83, 82 anos, porque tem que aguardar a determinação do Estado. Eu fiz contato com a Central de Vacinação, eles falaram que isto de fato está acontecendo e que tem que aguardar a liberação”, apontou.
Pontos que o Estado teria consciência se dialogasse com entidades
Estevam Rivello encerra reforçando a importância da participação das entidades de saúde para alertar o Poder Público sobre estas realidades, como a do processo de imunização. “Isso mostra que nossa condição de vacinação poderia estar muito melhor se o Estado fosse um pouco mais ágil. Se participássemos dessas reuniões, com certeza iríamos levar estes tópicos e informações que só nós que estamos na ponta sabemos. Agora, quem do Judiciário sabe disso? Eles atendem pessoas? Quem é da administração, do empresariado, que sabe desses detalhes?”, provocou.