O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) emitiram nota para denunciar episódio de violência ocorrido na segunda-feira, 17, contra Valdinez Pereira dos Santos. A liderança da Articulação Camponesa de Barra do Ouro foi “foi agredido, espancado e ameaçado de morte por pistoleiros a mando de latifundiários da região”, informaram as entidades. O caso aconteceu na Gleba Tauá.
DIREITO À PROPRIEDADE NÃO PODE SE SOBREPOR À VIDA
Na nota, o MST lamenta que a história do Tocantins seja marcada “pela violência do latifúndio com a grilagem, desmatamentos, queimadas, exploração, destruição e ameaças contra os povos do campo e comunidades tradicionais”, e destaca que a gleba Tauá tem se tornado “um caso emblemático” do conflito agrário. Por fim, a organização cobra ação das autoridades. “É urgente e necessário que o governo federal e estadual garanta a segurança e proteção dos povos do campo, das suas lideranças e de suas comunidades, assegurando direitos e promovendo políticas públicas eficazes para um desenvolvimento rural digno e justo em nosso E,stado que é marcado por conflitos violentos contra vidas e fortes desigualdades sociais. O direito à propriedade privada da terra não pode se sobrepor em detrimento a vida humana”, defende.
FALTA DE AÇÃO DA POLÍCIA E DO ESTADO
A Pastoral da Terra destaca que desde novembro de 2022 já foram registrados 27 boletins de ocorrência na região relacionados a casos de violência, mas que até o momento não houve nenhuma ação da Polícia Civil. “As famílias são vítimas em sucessivas ações violentas como queima de alguns barracos de palha, agressões verbais e físicas, tentativas de expulsão e desmatamento”, narra a nota, destacando que houve decisão judicial determinando o fim das ações de grileiros na gleba. “A resposta dos pistoleiros foi uma só: ‘Os juízes aqui somos nós!’. Mesmo com as violências repetidas, as famílias continuaram registrando boletins, embora se desesperassem com a falta de ação por parte da Polícia, do Estado, e pelo completo descumprimento da sentença judicial. Agora queremos questionar: quantas vozes e quantas vidas será preciso silenciar até que se cumpra a decisão do juiz e que, para o povo,seja realmente feito justiça?”, questiona.