Assumir uma Delegacia Regional não é tarefa fácil na Polícia Civil do Estado do Tocantins. As dificuldades são inúmeras e cabe ao Delegado Regional resolver as questões que prejudica às suas atribuições. Demandas como escala de plantão da Central de Atendimento, viatura que precisa de manutenção, viabilizar a reposição de material de expediente, suporte para as operações das Delegacias pertencentes a Regional, esses são apenas alguns exemplos dos encargos de um Delegado Regional.
Alguns destes problemas poderiam ser facilmente resolvidos se não fosse a burocracia do Estado brasileiro. Impensável ao cidadão que busca em uma Delegacia alento para suas angústias, esbarrar na falta de recurso para atendê-lo. E o que dizer ao servidor que precisa estar ali todos os dias exercendo seu ofício em Delegacias com paredes mofadas e banheiros sem condições de uso.
[bs-quote quote=”Não se pode negar que a Polícia Civil do Estado do Tocantins avançou muito nos últimos anos. Primou por sua identidade visual, pela qualificação e treinamento de seus policiais, pela aquisição de armamento e firmando parcerias, entretanto, é preciso prosseguir” style=”default” align=”right” author_name=”IBANEZ AYRES” author_job=”É delegado de Polícia Civil desde 2011″ author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/08/IbanezAyres60.jpg”][/bs-quote]
O Delegado Regional não dispõe de recursos financeiros (suprimento de fundo) para manter as Delegacias vinculadas em funcionamento ideal. Uma porta que estraga, o encanamento que entope, o ar condicionado que precisa de manutenção, são demandas corriqueiras que chegam ao Delegado Regional e a este cabe buscar soluções. Se cada Delegacia Regional dispusesse de uma quantia mensal para suprir os pleitos acima apontados, a administração do Delegado Regional tornaria mais dinâmica e eficiente.
Outro problema corriqueiro é a falta de material de expediente. Material este que não pode ser adquirido de acordo com as necessidades de cada regional. O Delegado Regional não dispõe de recursos para substituir o toner da impressora, por exemplo, da Delegacia mais longínqua de sua jurisdição. Não justifica deslocar uma viatura e um servidor à capital para suprir demandas que poderiam ser resolvidas na própria Regional.
A razão de ser de uma Delegacia Regional é exatamente a descentralização das demandas que chegam à capital, e não o contrário. Ora, o Delegado Regional não pode ser apenas um mero despachante de problemas rotineiros. O mesmo precisa ser diligente e audaz com suas atribuições, porém não pode ficar preso a pleitos de fácil resolução, se houvesse suprimento de fundo. Há de ser um gestor dinâmico e nas questões mais complexas recorrer aos administradores com maior autonomia.
Cabe, também ao Delegado Regional equalizar questões pontuais que atingem o cerne da instituição: o servidor. Manter o policial motivado, focado e satisfeito é de suma importância para a administração da Delegado Regional. Policiais que abrem mão de suas folgas para estarem presentes nas operações da regional; policiais que abdicam de suas famílias para compor a escala de plantão da central de atendimento nas datas festivas, sem a contrapartida do Estado que é apenas o pagamento de diárias em dia. Isso demonstra como é complicado a mantença da estrutura funcionando por parte do Delegado Regional.
A ele cabe a dedicação para sanar os problemas rotineiros ao final do dia, ao final das operações. E dizer aos policiais que o acompanham: “Somos policiais, nos propusemos a isto, temos que fazer”. O prazer que um policial tem de participar de uma operação bem sucedida é imensurável e deixá-lo perder este estímulo é padecer em investigações mal sucedidas.
Não se pode negar que a Polícia Civil do Estado do Tocantins avançou muito nos últimos anos. Primou por sua identidade visual, pela qualificação e treinamento de seus policiais, pela aquisição de armamento e firmando parcerias, entretanto, é preciso prosseguir. A Polícia Civil precisa ser mais dinâmica na administração de suas demandas internas, focando com maior afinco na sua razão de ser, a investigação.
Há de se insistir no cuidado que as últimas administrações tiveram sobre o tema. Os avanços estão a mostra, novos policiais chegaram e vêm dando exemplo de como investir em material humano é importante para a pacificação social. Para ilustrar, já temos Delegados recém nomeados atuando como Delegado Regional administrações estas elogiáveis e de destaque.
Não se pode esquecer, também, da administração dos Delegados Regionais que no passado se dispuseram a contribuir com a Administração, por vezes, sem receber gratificação. Época difícil. Não havia Delegados, Agentes de Polícia, Escrivães de Polícia, em número suficiente para suprir as demandas interior a fora. Estes, verdadeiros heróis, pois conseguiram fazer com que a Polícia Civil chegasse até aqui.
Várias Delegacias foram reformadas e novos prédios foram locados para sediar as Regionais de Polícia Civil. Todas com a identidade da Polícia Civil de forma a facilitar a vida do cidadão que procura resolução de seus conflitos e dar maior comodidade aos policiais que ali labutam. Uma Delegacia capaz de atender bem, seja estruturalmente, seja funcionalmente traz ao contribuinte o respeito que o Estado lhe tem. Delegacias destacadas com as cores da Polícia Civil e servidores capacitados ao bom atendimento demonstram a presença do Estado com sua força e dinamismo.
Destaca-se, igualmente, o trabalho que a Academia de Polícia Civil vem desenvolvendo. O projeto Academia Itinerante demonstra a importância da capacitação do servidor. Nesse quesito o Delegado Regional ganhou um forte aliado, pois a ACADEPOL desembarca com toda sua estrutura nas Regionais, capacitando e motivando os policiais do interior do Estado. É notório o ganho da Administração ao ter seu policial valorizado e capacitado para as missões em todo o Estado.
Para finalizar vale salientar que os avanços são muitos, mas é preciso ir mais além. Percebe-se que a Polícia Civil vem sendo administrada por pessoas técnicas e sem apadrinhamento político, o que demonstra que a gestão deve ser séria e capaz. Neste contexto, dar mais autonomia aos Delegados Regionais é uma questão urgente para uma Polícia Civil melhor e mais atuante nos rincões do Estado do Tocantins, facilitando e dinamizando a Administração Central.
IBANEZ AYRES
É delegado de Polícia Civil desde 2011 e vice-presidente do Sindepol/TO
e-mail: comunicacao@sindepol-to.com.br