O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e executado pelo Instituto Vox Populi, divulgado nesta quarta-feira, 8, mostra que o País tem hoje 33 milhões de pessoas que passam fome. Para se ter ideia da gravidade desse dado trágico, em 1993, portanto, há 29 anos, eram 32 milhões de brasileiros nessa situação, segundo dados semelhantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) — a população brasileira então era 35% menor que a de hoje.
Norte, região do TO, lidera em fome
Conforme a pesquisa, a média dos brasileiros com fome é de 15%. Superam essa marca aquelas pessoas que residem nas regiões Norte (25,7%) — onde está o Tocantins — e Nordeste (21%), na zona rural (18,6%), e em domicílios chefiados por mulheres (19,3%) ou por pessoas pretas e pardas (18,1%).
1 de 3 já fez algo constrangedor por comida
De acordo com o levantamento, em 2022, 1 de cada 3 brasileiros teve que fazer alguma coisa que lhe causou vergonha, tristeza ou constrangimento para conseguir alimento.
6 em 10 em insegurança alimentar
A pesquisa mostrou que 6 a cada 10 brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar. São 125,2 milhões de pessoas nesta situação, o que representa um aumento de 7,2% desde 2020 e de 60% na comparação com 2018.
Inertes como sociedade
Ao jornal Folha de S.Paulo, o diretor-executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, disse que o Brasil regrediu “literalmente 30 anos na luta contra a fome”. “O que nos assusta muito, mas o sentimento de indignação da sociedade brasileira hoje diante da fome de 33 milhões de brasileiros está muito aquém da indignação de 1993, diante da fome de 32 milhões. Estamos inertes como sociedade”, lamentou Afonso.