Oito trechos de rodovias que cortam o Tocantins estão interditados por caminhoneiros que desde esta segunda-feira, 21, protestam contra a alta dos impostos e do preço do óleo diesel. Em entrevista ao CT, o organizador do movimento no Estado, Amaury Lima, afirmou que, para pressionar ainda mais as autoridades, a categoria está se mobilizando para tirar todos os caminhões-tanques de circulação e impedir que os combustíveis cheguem às cidades.
A categoria reivindica, segundo Lima, a redução no preço dos combustíveis e dos impostos. O grupo protesta ainda contra a falta de condições das rodovias e as altas taxas de pedágios cobradas em alguns trechos. “As nossas reivindicações favorecem não só o caminhoneiro, mas toda a sociedade”, garantiu o manifestante.
De acordo com Lima, não há previsão para término do protesto. “Só o dia que resolver a situação do país”, disse, ao informar que as manifestações ocorrem de forma pacífica e que cerca de 5 mil veículos estão parados no Tocantins. “Estamos firmes nesse trabalho pedindo a proteção de Deus. Nós temos cinco pilares que sustentam o País: o transporte, a agricultura, a pecuária, a indústria e o comércio. Por enquanto, nós do transporte estamos dando a cara pra bater. Esperamos que os outros segmentos venham se juntar a nós”, enfatizou.
A Associação Comercial e Industrial de Paraíso do Tocantins e o Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins (Sindcamto) apoiam o movimento.
Segurança
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também acompanha os protestos para garantir a segurança dos manifestantes e das pessoas que passam pelos trechos interditados. Ao CT, a assessoria da corporação informou que em alguns trechos os caminhoneiros atearam fogo em pneus, mas que até o momento não foi registrado nenhum ato ilegal como depredação de patrimônio de terceiros ou agressão física.
Conforme a PRF, manifestantes bloqueiam trechos nas cidades de Araguaína, Colinas do Tocantins, Fortaleza do Tabocão, Paraíso do Tocantins, Gurupi, Pedro Afonso, Alvorada e Nova Olinda. As pistas estão interditadas para a passagem de veículos de carga. Já carros de passeio, ônibus, motos trafegam normalmente. Caminhões com cargas perecíveis ou com animal vivo também estão sendo liberados.
Morte de caminhoneiro
Em meio a manifestação, ocorreu um fato que entristeceu a categoria. Um caminhoneiro de 45 anos morreu de infarto, em Paraíso do Tocantins. O condutor, que não teve o nome revelado, é do município de Apucarana, Paraná, e decidiu aderir ao protesto espontaneamente ainda nesta segunda-feira.
De acordo com o Sindcamto, ele tomava remédio controlado para pressão e passou mal após o almoço. “Ele comeu, foi dormir e sofreu o infarto”, contou o presidente da entidade, José Aparecido. O caminhoneiro ainda foi levado para o hospital do município, mas não resistiu. A família, que também mora no Paraná, está a caminho de Paraíso para liberar o corpo.
Manifestação nacional
Por volta das 8 horas desta segunda-feira, 21, caminhoneiros do Tocantins decidiram aderir ao protesto que ocorre em vários Estados do País contra a alta do preço do óleo diesel. Em Paraíso do Tocantins, a categoria realizou uma carreata pelas ruas da cidade e agora se encontra paralisada na BR-153 (Belém – Brasília).
Além do Tocantins foram registrados atos em ao menos 21 Estados. Insatisfeitos com o preço do diesel, que subiu 1,76% nas refinarias, na semana passada, os condutores de veículos de carga queimaram pneus nos acostamentos e bloquearam rodovias. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, o objetivo é zerar a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
A política, que prevê reajustes com maior frequência, inclusive diariamente, refletindo as variações do petróleo e derivados no mercado internacional e também a oscilação do dólar, começou a valer em 3 de julho do ano passado. Em maio, já foram anunciadas 10 altas e 5 quedas no preço do litro do diesel. No caso da gasolina, foram 12 altas, 2 quedas e uma estabilidade.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta terça-feira, 22, após reunião em Brasília com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco, que a política de reajustes dos preços de combustíveis da empresa não será alterada.
O ministro da Fazenda afirmou na semana passada, em entrevista ao G1, que também não há possibilidade neste ano de o governo abrir mão de parte da arrecadação de impostos para conter a alta de preço dos combustíveis. Mas a decisão final sobre uma possível redução na tributação do setor, porém, cabe ao presidente da República, Michel Temer. (Com informações do Estadão e do G1)
Confira os trechos interditados no Tocantins:
Araguaína – BR-153, KM 152
Colinas do Tocantins – Posto Minas Petro – BR 153, km 245
Fortaleza do Tabocão – Posto Tabocão – BR 153, km 360
Paraíso do Tocantins – Posto Milena – BR 153, km 492
Gurupi – Posto Mutucão – BR 153, km 674
Pedro Afonso – Ponte Rio Tocantins – BR 235, km 164
Alvorada – na BR 153, km 761
Nova Olinda – BR 153, km 208