A Operação Boi de Papel, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 7, investiga a prática de crimes financeiros em prejuízo ao Banco da Amazônia (Basa) em Paraíso do Tocantins. No município, em Palmas, Nova Rosalândia, Ituiutaba (MG) e Araguari (MG) são cumpridos 18 mandados de busca e apreensão. Outras medidas cautelares diversas da prisão, como afastamento do emprego público, além do sequestro e indisponibilidade de bens e valores dos envolvidos até o montante de R$ 3.962.152,13 também foram efetivadas. A corporação informa estar na etapa ostensiva de inquérito.
ENTENDA
De acordo com a investigação criminal, os suspeitos atuariam em conluio na obtenção, mediante fraude, de financiamento com recursos do Fundo Constitucional do Norte (FNO), bem como na suposta aplicação dos recursos em finalidade diversa da autorizada. A Polícia Federal identificou indícios de direcionamento, por empregados públicos do Basa, para favorecer a participação de determinados projetistas, os quais atuavam na dissimulação de movimentação de valores entre financiadores e agentes públicos da instituição financeira vítima do crime. Além disso, o modo de agir dos suspeitos também passava pela emissão de Guias de Transporte de Animal Vivo fraudulentas, simulando a compra e venda de gado bovino que jamais existiu de fato.
ATUAÇÃO DE 2014 A 2021
Há evidências de que os suspeitos teriam atuado na referida agência entre 2014 e 2021, período em que foram concedidos aproximadamente R$ 94 milhões em financiamento deste mesmo objeto. A PF pretende elucidar se outras fraudes com o mesmo modus operandi foram cometidas pelo grupo em relação aos contratos firmados nessa época. Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes financeiros previstos nos artigos 5º, 19 e 20 da Lei 7.492 de 1986, e pelos crimes de lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa, cujas penas, somadas, podem ultrapassar 36 anos de reclusão.
BATISMO
A expressão “boi de papel”, que dá nome a operação, foi escolhida em alusão ao modo de agir da organização criminosa investigada, a qual obtinha indevidamente financiamento para investir na pecuária, mas em vez disso simulava a compra e venda de gado bovino que eram transmitidos apenas no papel e não, de fato.