Historicamente Arraias sempre fez parte das grandes transformações, era assim quando norte de Goiás, “o corredor da miséria”, ou até mesmo depois que o Tocantins foi criado. É claro respeitando todo o potencial histórico de cidades como: Paraná, Natividade Porto Nacional. Digo sudeste em virtude de tudo o que é em Arraias repercute na região, que hoje representa 4,1% do PIB do Tocantins. Há quase um século, quando o senhor Oscar de Souza Alves e seu irmão José Candido saíram de Macaúbas – BA, de uma prole de 24 irmãos, instalando-se respectivamente em Arraias e Dianópolis, ouço esse fato: “Arraias, local estratégico”.
Foi assim que ocorreu a interiorização do nosso Brasil: homens e famílias saindo dos diferentes lugares povoando os rincões dos sertões até então desconhecidos e ali formaram suas famílias, suas histórias e deixaram seus legados, como dizia o poeta e fazendo uma analogia, “somos filhos de goianos, netos de baianos, tataravôs nordestinos”. Não tem como falar de história política do nordeste goiano sem lembrar o saudoso Dr. João D’Abreu, filho de Taguatinga, deputado e vice-governador; homem de bem que zelava pelos interesses do povo, político da mais alta ética e conduta ilibada.
Num passado recente: José Freire, deputado Constituinte; deputado Sr. Hagahus, prefeito e deputado; Sr. Gustavo e o prefeito Sr. Bebé, ambos de Arraias. Políticos que, mesmo com as divergências, lutavam por benefícios junto ao poder público em prol do desenvolvimento de Arraias e região. A cidade cercada de morros e colinas tem representantes nos mais altos escalões das esferas jurídicas: estadual e federal. Nos mesmos moldes tem professores (educação, um dos potenciais da região) aí me lembro do Instituto Nossa Senhora de Lourdes, referência na educação do norte de Goiás, quando não, era Porto Nacional.
Têm os filhos mais ousados, como Rosalvo Leomeu, autodidata, hoje jornalista, poeta e advogado. Quão grandemente a Rui Barbosa, o seu nome encontra-se escrito em páginas de uma universidade dos Estados Unidos, e tantos outros mais humildes, mesmo com todas as adversidades saíram, lutaram e conseguiram espaço por onde passaram, não é fácil, de todas as formas tentam tirar os seus méritos e satanizar as conquistas. Há tempos conversando com Dr. Sebastião, professor da UNB, o terceiro Doutor dessa região, sendo o primeiro Dr. Francisco Ayres, médico da cidade de Porto Nacional, falávamos da importância histórica dessa representatividade.
Todo o legado hoje está ameaçado e sem uma perspectiva de renovação, mesmo com Arraias possuindo um campus de Universidade Federal, coisa rara no Brasil, tratando de cidade do interior e partindo do princípio de que quase tudo depende de gestão e vontade política. Voltamos a ver dias melhores mesmo com a instalação da “luz no fim do túnel”, como com a Mbac/Itafós (Itafós-pedra de fosfato) inaugurada em agosto de 2012 e que exploraria o fosfato, entre outras riquezas minerais.
Mesmo assim, o saudosismo às vezes faz bem, a fim do sudeste sair do ostracismo e, se possível, resgatarmos Dr. João D’Abreu, entre outros.
Se não temos números que representam votos, temos história e através dela também se constrói um estado, um país, enfim, uma nação.
OSCAR DE SOUZA ALVES NETO
É professor de educação física e diretor regional do Sindicato dos Professores de Educação Física (SINPEF)
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