O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (Podemos), avaliou em sua participação no quadro Entrevista a Distância que o pico da Covid-19 na cidade ainda está “um pouquinho longe”. “Acho que estamos um pouco longe ainda do fim do problema”, afirmou.
Nenhuma outra testa tanto
Para ele, nenhuma outra cidade do Estado e do Norte do País tem realizado tantos testes para detectar a doença como Araguaína. Dimas lembrou que foi o primeiro município da região Norte a adquirir os testes rápidos e que outros municípios “certamente estão com mais casos”, mas não testam tanto quanto Araguaína. “Isso fica muito claro quando você faz os comparativos”, garantiu. Segundo o prefeito, Palmas, por exemplo, tem realizado o mesmo número de testes que Araguaína — “um pouquinho superior”, ressalvou —, mas tem 100 mil habitantes a mais. “Então, era para ter realizado mais testes, principalmente porque o problema começou mais cedo [em Palmas]”, avaliou.
Burocracia atrapalha
Ele contou que era para Araguaína já ter começado uma parceria que a Universidade Federal do Tocantins (UFT) para levantar o grau do problema epidemiológico da cidade, com testes aleatórios nas mais diversas regiões. “E não estamos conseguindo fazer porque a burocracia não tem deixado”, reclamou. Dimas disse que os testes seriam feitos com um equipamento da Faculdade de Zootecnia e Veterinária que faz o RT-PCR, mas a Secretaria Estadual da Saúde alega que é voltado para animais e o Ministério da Saúde não aceitaria. “Não queremos laudar, só queremos saber se tem resultado negativo ou positivo [para Covid-19]. Não há sentido a gente não utilizar a estrutura existente, que estamos adquirindo com recursos do município, ajudados por governo federal, deputados e senadores, para medir esse nível epidemiológico, para saber com mais segurança qual é o percentual da população [infectada]”, disse Dimas.
Vai à Justiça
O prefeito avisou que vai judicializar a questão para poder fazer a testagem. “Do nosso ponto de vista, isso é muito importante”, defendeu. Ele contou que a ideia é fazer 50 testes todos os dias em diversas regiões. “E não só durante uma semana, mas permanentemente até que o problema seja extinto”, explicou.
Flexibilização não contribuiu
Ele garantiu que a flexibilização não contribuiu para o aumento de casos em Araguaína. “Para mim está muito claro que, mesmo com o comércio aberto, e mesmo fazendo os testes, ficamos muito tempo sem ter caso positivo. Só há dez dias começou a real transmissão comunitária. Foi o comércio? De uma forma ou de outra, isso teria acontecido”, previu.
Covid-19 não está escolhendo quem fez ou não fechamento
O prefeito defendeu que “quem fechou cedo está tendo o problema [contaminação pelo novo coronavírus], quem fechou um pouco além está tendo o problema. A Covid-19 não está escolhendo quem fez ou não fechamento de comércio. Essa que é a realidade. O grande problema não está na atividade que cada um desenvolve, mas nos cuidados que cada um de nós temos que ter”, afirmou. Ele disse que a questão passa pela educação e pela vivência das pessoas com problemas semelhantes no passado. Dimas citou os países asiáticos, como exemplo. “Onde tem um respeito à autoridade muito maior do que o povo brasileiro. Se disser para ficar em casa, ficam; se pedir para usar máscara, usam.” Segundo o gestor, de toda forma, hoje a falta de contribuição da sociedade araguainense é menor “porque as pessoas viram que o problema é mais sério do que estavam pensando”. “Temos sentido isso de dois dias para cá, um aumento da adesão das pessoas às medidas rígidas”, contou.
Perto do estresse
O prefeito avisou que, se a hospitalização continuar nesse ritmo, rapidamente o sistema de saúde de Araguaína entrará em estresse. Ele disse que, dos 14 hospitalizados, 10 estão em UTI. “Se o Dom Orione não tivesse entrado em funcionamento ontem [terça-feira], não teríamos nenhuma vaga [de UTI]”, afirmou.
60 dias para fazer isso e não fez
Dimas disse que o Estado, que afirmou ser o responsável pela implantação de leitos de UTI, “teve 60 dias para fazer isso e não fez”. “Essa é a realidade. Fez dez leitos de UTI em Araguaína. Agora quantos poderiam ter implantado? Não estou falando nem de hospital de campanha”, avisou.
Tem espaço para mais UTIs
Para o prefeito há espaço — “já comprovado e o governo do Estado sabe disso” — no Hospital de Doenças Tropicais para 20 leitos e no próprio Hospital Regional para outros 10 de UTI. “Ao invés do hospital de campanha, vamos montar esses 30 primeiro, que depois ficam permanentemente para a população de toda a região, com 670 mil habitantes, que reclamam que não tem UTI. Isso é muito mais fácil e prático hoje”, defendeu. “Falta planejamento e ação. Não basta falar ‘eu vou implantar hospital de campanha’. Vão vir de onde os equipamentos? Se não está tendo equipamento para montar hospital comum, vai arrumar de onde para o hospital de campanha?”, questionou.
Perda de até R$ 45 milhões
Dimas revelou que a arrecadação da prefeitura caiu perto de 18% em abril, em relação ao mesmo período de 2019. Com a previsão de que haveria 5% de aumento este ano, ele disse que a queda, portanto, chegou a 25% no primeiro mês de crise. A melhor perspectiva para o fechamento de 2020, avaliou o prefeito, é de uma perda de R$ 35 milhões na arrecadação. “A pior, de R$ 50 milhões. O que a gente tem como números mais reais é entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões [de queda], o que é um volume muito considerável”, estimou.
Confira a seguir a íntegra a participação do prefeito Ronaldo Dimas no quadro Entrevista a Distância: